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O dia seguinte à aliança estratégica da Nokia com a Microsoft

Ontem tivemos o anúncio da aliança estratégica dos dois gigantes. Por um lado, a Microsoft depois de ter perdido a hegemonia que tinha nos PDAs e posteriormente nos smartphones voltou a entrar nas contas com o Windows Phone 7 que todos consideram um bom produto e que tem visto avanços significativos em termos de número de aplicações. Por outro lado a Nokia que por culpa própria diga-se à anos que anda em permanentes avanços e recuos com o software em que não se percebe como é que não alterava algo na sua estratégia. Finalmente tudo mudou e como seria de esperar as opiniões dividem-se.

São conhecidos os pormenores do acordo e as opiniões não se fazem esperar. Desde os que acham que foi a melhor coisa do mundo até aos que acham que foi o suicídio da Nokia ou que a Nokia passou a ser o fantoche da Microsoft.

Onde está a razão?

Do lado da Microsoft este é um acordo importante. Ganha o maior fabricante de telemóveis do mundo a quem oferece toda a colaboração e pelo que se entende um tratamento preferencial aparentemente a um custo muito reduzido. Seria muito mais dispendioso comprar a Nokia o que poderia fazer sentido mas dessa forma poderia perder apoio dos restantes fabricantes de telemóveis. Samsung, HTC e outras marcas continuam a apostar em todos os sistemas operativos para os seus produtos.

Com a Nokia a coisa é mais complicada de analisar porque faz muito mais concessões do que a Microsoft. Todas as apostas que tem feito parecem ir cair por terra a curto e a médio prazo. Deixa cair a framework multiplataforma que utilizava a favor das ferramentas da Microsoft. Deixa cair a aposta no MeeGo que surgiu da integração do Maemo com o Moblin da Intel, deixando a Intel seguramente descontente. O MeeGo não será morto mas é esperado um produto este ano que dificilmente sairá de “experimental”. Por fim e como nota importante começou a contagem decrescente para que o Symbian deixe de ser utilizado. Apesar das ondas de choque criadas com este anúncio a verdade e que a Nokia não conseguiu que o Symbian desse o salto que sempre foi prometido.

São muitas mudanças com impacto directo em várias frentes entre as quais no número de empregados da Nokia. Mas o espetáculo tem que continuar como dizia a canção e a Nokia estava a precisar de definir a sua estratégia. De qualquer forma não se percebe, nem com a justificação dada pelo Stephen Elop de não usarem Android por não ser fácil diferenciarem-se no ecossistema. É que nada impede a Nokia de usar Android e essa escolha pode ser deixada em última análise ao consumidor. Esta adopção tem a meu ver ainda outra vantagem que é não colocar todos os ovos na mesma sesta. Esta aposta única no Windows Phone 7 não deixa de ser arriscada.

A palavra é do consumidor

O sucesso ou insucesso de uma plataforma é seguramente determinada pela sua qualidade, mas ainda mais, pela adopção pelos consumidores. Isto não é uma novidade mas é a meu ver o grande problema que a Microsoft tem com o Windows Phone 7. Está em crescimento mas também está em crescimento todo este segmento, o Android não tem parado de crescer e o iOS continua de boa saúde. Além disso o que preocupa é o atraso em termos de tablets. A Microsoft não tem neste momento um bom produto. O Windows 7 não é de todo o produto para uma grande margem de mercado dos tablets não tendo por isso a opção de interoperabilidade que é possível com os restantes concorrentes.

Não é neste momento fácil fazer prognósticos quanto ao que vai suceder. A próxima semana vamos poder ver na Mobile World Congress muitos produtos e vai ser mais fácil ter uma opinião à posteriori. Também gostava de ver mais equipamentos com dual boot. Não é algo muito interessante para os fabricantes mas permitiria aos utilizadores experimentar e decidir o que considera melhor para as suas necessidades. E são eles e para eles que os produtos têm que ser feitos…

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