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Análise – Fiio E9

Os produtos da Fiio são conhecidos pelas suas relações qualidade/preço. O Fiio E7 conseguiu ganhar esse estatuto entre os utilizadores que queiram melhorar a qualidade de som do áudio vindo do PC, através dos auscultadores. O E9 é uma tentativa de levar para mais longe estes melhoramentos, mas será que segue as virtudes do aclamado E7?

Design

Design em geral – ao contrário do E11, no caso do E9, as imagens na net fazem já justiça ao tamanho do aparelho. A construção também seria de esperar pois quem conhece ou já teve um produto da Fiio sabe que, pelo menos os produtos de gama média-alta têm uma construção/design de fazer inveja a produtos muito mais caros. A situação não muda com o E9. O aparelho é totalmente feito de metal (à excepção de uma parte minúscula de plástico, a rodear a entrada do transformador de corrente, na traseira do aparelho; e da “dock” onde se mete efectivamente o E7). O metal do E9 é exactamente do mesmo estilo que o do E7 e a qualidade de construção encontra-se ao mesmo nivel. Os “jack’s” prendem com bastante firmeza os auscultadores e o botão de volume é suave na sua operação e não é excessivamente sensível como muitos outros, em que basta um pequeno aumento e o volume aumenta demasiado. No entanto, existe um pequeno problema: até cerca de 50% de rotação, o botão faz um pequeno ruído pelos auscultadores. Não é nada de extraordinário, mas nota-se. Todos os conectores na parte traseira aparentam estar bem posicionados e oferecem, tal como os “jack’s” frontais, conexões bem firmes. O E9 contém também um botão de ganho, que permite alternar entre dois ganhos: “Low” (10db) e “High” (18db). Por baixo do E9 estão quatro pequenos pés de borracha, que impedem que o metal do aparelho toque na superficie e impedem que o aparelho escorregue. Fornecida com o E9 está uma fonte de alimentação, de design particularmente estranho. É um pouco grande, mas rectangular e não muito pesada, tendo em conta o tamanho. Também não muito pesado é o E9, o que me surpreendeu um pouco ao principio, tendo em conta a construção do aparelho.

Funções do aparelho
 – o E9 é extremamente versátil, porque pode não funcionar apenas como um amplificador de auscultadores. Sim, essa é a função principal, mas o E9 pode funcionar como:
– Amplificador de auscultadores – função principal. Esta função pode ser exercida de várias formas. Pode-se ligar um aparelho qualquer ao mini-jack traseiro de line-in (um leitor de MP3, por exemplo) ou conectar o E7 pela dock superior, ligando depois o USB traseiro do E9 a um computador e tirando partido do DAC do E7 e do amplificador de auscultadores do E9.
– Pré amplificador – o E9 tem uma saída em forma de mini-jack, chamada “Pre-Output”. Aquilo que pode ser feito é simples: ligar uma fonte qualquer ao line-in que se encontra na parte de trás do aparelho e depois ligar um cabo do “Pre-Output” a um amplificador de potência ou outro amplificador que necessite de um controlo remoto, mas que não tenha.
– Complemento do E7 para line-out – o E7 é um amplificador/DAC, que infelizmente não tem line-out para ligar a um outro amplificador, por exemplo. É possível adquirir um adaptador que se liga à entrada de dock do E7 e à qual se liga depois um cabo mini-jack para line-out, mas caso se tenha já um E9 ou se queira obter outras funções em vez de comprar o dito adaptador só, o E9 consegue fazê-lo até melhor, pois o line-out do E9 é em RCA, exactamente como, na minha opinião, deve ser sempre, já que permite o uso de uma muito maior variedade de cabos.



Funcionamento com o E7
 – o E9 não contém nenhuma DAC interna, mas poderá fazer um par com o E7, de forma a que a DAC interna deste seja aproveitada, mas que ao mesmo tempo se aproveite a amplificação superior do E9. Aquilo que é feito é o seguinte: o sinal USB do computador passa pela entrada USB do E9, cujo sinal (não amplificado) é depois amplificado pelo E9. O E7 por sua vez encontra-se posicionado na dock do E9, exactamente como seria de esperar numa “dock” para um iPod, sem mais nem menos. Todo este sistema funciona tecnicamente muito bem, à excepção de uma pequena coisa: temos que ligar os dois aparelhos (o E9 e o E7) de forma separada, coisa que poderia ser evitada se, quando se ligasse o E9, o E7 também ligasse automaticamente. É uma questão talvez insignificante para muita gente, mas que para algumas pessoas, eu inclusive, seria bem-vinda se fosse resolvida, até porque, no meu caso, se usasse o E7 com o E9, nunca, ou quase nunca, o tiraria de lá.



Som

Todos os testes sonoros nesta análise foram realizados utilizando várias configurações de dispositivos. Ao longo da análise farei as respectivas referências, de forma a tornar a comparação de fontes/”outputs” mais fácil. As configurações de dispositivos são as seguintes:

• Configuração 1 – PC genérico (fonte) [+] Fiio E7 (DAC) [+] Fiio E9 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 2 – Marantz CD-72 (fonte) [+] Fiio E9 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)
• Configuração 3 – Musical Fidelity X-Ray V3 (fonte) [+] Fiio E9 (amplificação) [+] Auscultadores (modelos a seguir)

Na configuração 1 foi utilizado o FLAC (lossless) como formato áudio, enquanto que nas restantes, 2 e 3, foi utilizado o CD.


Gama alta
 – os agudos no E9 são extremamente limpos e extensos. Tecnicamente não existe nada mal neste aspecto, mas é preciso saber fazer um par correcto neste aspecto. E digo “par” não só nos auscultadores, mas também com a fonte. Os agudos do E9, se a sinergia não for a correcta, podem tornar-se algo agressivos, pelo que isto é mesmo necessário obtê-la. A primeira coisa que notei foi que o E7 complementa maravilhosamente o E9 neste aspecto. O carácter mais “quente” do E7 impede que o som mais neutro (a pender para o “frio”) estrague um pouco os agudos. Onde se notou isto perfeitamente foi quando se usou os AKG K 701 com o par E7+E9. Enquanto que com a configuração usada normalmente com eles (um Musical Fidelity X-Ray V3 e um Project HeadBox II SE), os agudos tornam-se por vezes algo secos, “frios” e por vezes estridentes, com a configuração 1, estes problemas desapareceram em grande parte. Já com a configuração 2, os agudos adoptaram um pouco as caracteristicas próprias do E9, sendo que com a configuração 3, estas caracteristicas ainda se acenturam mais, ao ponto de tornarem os agudos extremamente agressivos, tanto com os K 701 como com os Ultrasone que experimentei (embora com os Ultrasone Pro900 ainda fosse bastante suportável, pelo simples facto dos agudos nestes auscultadores não serem dos mais frontais e directos). Experimentando os diversos sistemas com os Phonak PFE 012, notei uma melhoria bastante grande em qualquer das configurações. Onde se sentiram mais à vontade foi na configuração 1, onde se observou uma definitiva maior frontalidade dos agudos, mas ao mesmo tempo um maior controlo dos mesmos.

Gama média
 – neste ponto especifico, o E9 não se destaca. E isto, no bom sentido. Na grande maioria dos equipamentos áudio, especialmente os de gamas mais baixas, não conseguem comportar-se de forma completamente neutra, nem num único ponto. No caso do E9, é a gama média que consegue ter uma neutralidade bastante incrível. A tonalidade é neutra. Talvez haja um toque de frontalidade acima daquilo que considero ser perfeito, mas de resto, em termos de tonalidade, não consigo dizer mal do E9 no que toca à gama média. Usando a configuração 1 com os Phonak PFE 012 é de notar uma grande melhoria, face á utilização única do E7, sobretudo na claridade em geral da gama média e no controlo das vozes, quando estas aumentam em volume nas músicas. Nos AKG K 701, existe uma ligeira melhoria na gama média, face ao sistema mencionado acima. Torna-se mais quente, mais controlada, mais agradável de ouvir. Ainda fica presente aquela claridade practicamente unica dos K 701, mas tudo fica mais suportável de ouvir. O curioso é que não fica mais “quente”. Existe sim um maior controlo da gama média, mas sem ser alterada a sonoridade. O mesmo acontece com os K 172 HD. Um pequeno problema também presente nos K 172 HD é uma ligeira sibilância nas vozes, que, com o E9 é resolvida em grande parte.

Gama baixa
 – pela minha experiência, em amplificadores de auscultadores, a coisa que mais tenho notado entre uns baratos e uns mais caros, tem sido no grave, mais propriamente no impacto deste. Não falo na quantidade, mas na capacidade que este tem para puxá-lo lá bem para baixo, mas agarrá-lo e não o deixar descontrolar-se. O E9 consegue sem dúvida surpreender neste aspecto. Não existe aquela “pequenez” no grave, mas ao mesmo tempo também não existe aquela ressonância derivada de um grave lento. Face ao HeadBox II SE, existe maior quantidade de grave, sendo este também menos agressivo (talvez derivado de um grave-alto mais recuado, face ao Project), mas ao mesmo tempo um maior controlo. O E7 como amplificador é completamente “destroçado” neste ponto especifico. Onde o grave do E7 é lento e por vezes “quente” em demasia, o do E9 é rápido e, quase à semelhança da gama média, decentemente neutro. Estes aspectos notam-se em absolutamente todos os ausculadores que experimentei. Com os K 172 HD nota-se perfeitamente a maior quantidade do grave (para muita gente talvez bem vinda, tendo em conta a natureza dos AKG), mas lá está, o grave é mais pronunciado no bom sentido (não se “perde” na música), e o controlo é claramente maior, nas músicas onde o grave puxa bem pelos auscultadores. Nos Phonak foi talvez onde notei de forma maior estas melhorias. O grave neste caso quase que parece que diminuiu, mas não é bem assim. A única coisa que acontece é que as ressonâncias que existiam antes e que tecnicamente criavam a ilusão de uma maior quantidade de grave, desapareceram quase totalmente, tornado mais uma vez, o grave muito mais controlado e rápido.

Palco, separação instrumental e foco
 – uma das coisas que qualquer amplificador de auscultadores minimamente decente costuma fazer é melhorar a separação instrumental. Tal acontece com o E9 também. Digamos que, parece que existem mais “silêncios”, e existe, em geral, menos congestionação entre os instrumentos. O palco do E9, quando em conjunto do E7, também surpreende. O facto de existirem os tais “silêncios” a mais (não tão audíveis no E7), por vezes dá a sensação do palco até ser superior ao do E7 (sozinho). A razão para isto acontecer é que conseguem-se ouvir mais os detalhes não instrumentais das músicas. Ouvem-se mais as ressonâncias provocadas pelos instrumentos nas salas ou o respirar dos músicos não tão perto do ouvido, mas mais distantes, o que provoca uma sensação de maior espacialidade, que antes não ouvia com o E7 à parte. Por esta razão, o foco também é altamente beneficiado com a adição do E9. Os tais músicos estão mais distantes, mas não ao ponto de ficarem “perdidos” na música. Por comparação, o palco muito grande do E7 poderia por vezes tornar grandes massas orquestrais, digamos que “longinquamente confusas”. O E9 retém esta espacialidade e “ar” do E7, mas põe tudo mais no lugar.

Conclusão e opiniões pessoais
 – este não é um aparelho revolucionário. Nem sequer remotamente. Aquilo que é, é amplificador de auscultadores que pouco ou quase nada faz mal. Em termos sonoros practicamente não existem queixas a fazer, a não ser a questão dos agudos (o E9 deve ser conjugado correctamente, com certos auscultadores), mas à parte disso, simplesmente não encontro nada a criticar para o lado negativo. Sem falarmos em termos sonoros, estamos perante a outro produto excelentemente bem sucedido da Fiio: a construcção é muito boa e o aspecto em geral do aparelho exibe qualidade muito acima daquilo que ele custa. E por falar em custos, vamos também ver aqui uma coisa: o E9 foi basicamente desenhado para ser usado com o E7 (para além de outras funções também interessantes mencionadas acima). E se tivermos em conta aquilo que custam os dois equipamentos e aquilo com que ficamos no final, não consigo imaginar melhor setup “desktop” para melhorar o som vindo de um computador, isto tudo tendo em conta a relação qualidade/preço. Na minha opinião, quem já tem um E7 e quer ver melhorada a sua qualidade sonora (especialmente com auscultadores mais “high end” e pouco sensiveis), sem querer gastar muito e continuando a usufruir da bastante boa DAC interna do E7, não consigo imaginar melhor solução que o E9.

Destaco pela positiva:
– Som relativamente neutro;
– Excelente “design” e qualidade de construção;
– Conjunção com o E7 é muito boa.

Destaco pela negativa:
– Gamas altas podem ser um problema com alguns auscultadores.

Mencionado nesta análise:
– Fiio E7
– AKG K 701
– AKG K 172 HD
– Ultrasone Pro900
– Ultrasone DJ1Pro
– Phonak PFE 012
– Project HeadBox SE II

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