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User Experience Lisbon 2012

Jesse James Garrett – Design for Engagement

Seria difícil iniciar a tarde com uma apresentação melhor que a de Jesse James Garrett, que começou por explicar o início da User Experience aplicada apenas à web, mas que depois foi evoluindo para outras áreas muito distintas. Hoje em dia já é normal pensar-se em UX de forma transversal dentro das empresas (mais uma referência a este tema), mas como é que se desenham experiências? Como é possível desenhar algo subjectivo, efémero e intangível? Aqui o segredo está na palavra “desenhar” e no seu significado dentro do UX. Na verdade um UX designer é alguém que cria coisas que as pessoas usam e não apenas coisas que as pessoas consomem, e aí está a grande diferença.

A User Experience é o design de qualquer coisa que seja usado por pessoas, independentemente do formato usado, que tem como finalidade a experiência mas como objectivo o envolvimento das pessoas. E como é que se conseguem envolver pessoas em torno de um produto?

Segundo Garrett existem quatro considerações principais: percepção, acção, cognição e emoção, ou PACE. A percepção está relacionada com os sentidos, como por exemplo o caso do Halo 3 usar movimentos de camera mais suaves para dar a sensação de controlo por parte dos utilizadores. Já a acção está relacionada com o envolvimento do corpo, seja a pressionar um botão ou a fazer gestos para controlar um jogo. A cognição diz respeito ao envolvimento da mente e a emoção ao envolvimento com o coração, algo que é cada vez mais explorado pelas principais marcas internacionais.

Para terminar a sua apresentação, Garrett deixa uma pergunta no ar: mais importante do que desenhar aquilo que se vê, como é que se desenha aquilo que não se vê?

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Rachel Hinman – The Mobile Frontier

Na segunda apresentação da tarde, Rachel Hinman falou sobre os novos desafios associados aos dispositivos mobile. Começando por mostrar como a actual experiência que temos com este tipo de dispositivos ainda está muito ligada aos conceitos do passado e não são mais que um espelho de aplicações que foram pensadas para outro tipo de dispositivos. Para Rachel, o mobile é uma oportunidade de inventar novas formas dos utilizadores interagirem com a informação.

Neste campo existem actualmente três tópicos emergentes: shapeshifting, Natural User Interfaces e tecnologia confortável. O shapeshifting sugere que a acção humana é constantemente reconfigurada quando se está em contacto com outra pessoa ou objecto. É fundamental perceber estas interacções dinâmicas para desenhar interfaces que estejam de acordo com o contexto em que são utilizadas e, sobretudo, centrar o design no conteúdo e não apenas na estética. Para isso, deve-se analisar o comportamento das pessoas dentro do seu ambiente natural e não num laboratório de testes como é habitual.

O segundo tópico diz respeito às Natural User Interfaces (NUI) que são cada vez mais exploradas nos dispositivos móveis sensíveis ao toque. Gestos como o swipe para mudar de página ou o pinch para fazer zoom numa aplicação, mudaram por completo a forma como interagimos com este novo tipo de aplicações. As NUI são interfaces intuitivas e naturais, que se vão desenrolando ao longo do tempo e que reagem àquilo que o utilizador faz e não apenas ao que o utilizador vê.

O último tópico está relacionado com o facto da tecnologia estar cada vez mais integrada no nosso dia-a-dia, tornando-se confortável de usar. Da mesma forma que uma criança consegue naturalmente perceber o funcionamento de um tablet, o mesmo dispositivo se torna na forma mais confortável de se ver um filme na cama, como se fosse um simples livro.

Para finalizar a sua apresentação, Rachel falou-nos do paralelismo entre o modelo orientado para tarefas presente na web tradicional e o modelo exploratório do mobile. Um exemplo prático é o caso do email, orientado para completar tarefas específicas, em oposição ao Twitter que envolve os utilizadores em conversações espontâneas e sem um objectivo concreto.

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Gerry McGovern – The Long Neck Versus the Long Tail

Na apresentação mais empolgante do dia, Gerry McGovern falou da importância de filtrar as pequenas tarefas de modo a que não afectem as principais tarefas. Num humor britânico muito característico, começou por deitar abaixo uma das principais métricas de análise de sites, os chamados hits. Para Gerry, hits significa “how idiots track sucess”, ou em português, “como os idiotas medem o sucesso”.

A mensagem é clara, a maior dos sites precisam de cortar em 90% do seu conteúdo. E porquê? Porque tudo aquilo que é acessório acaba por se meter à frente do conteúdo que realmente interessa aos utilizadores. O grande desafio da gestão dos motores de busca num site é saber que informação é que não deve ser mostrada de modo a destacar o conteúdo que é de facto importante.

Passando para um exemplo prático, McGovern falou da Microsoft e dos 15 milhões de páginas que fazem parte do seu site actualmente. Desses 15 milhões, 4 milhões nunca foram acedidas! São 4 milhões de páginas de conteúdo que foi produzido por alguém e que nunca foi visto por mais ninguém! Esta ideia de produção, de criar mais conteúdo, está a matar a experiência dos utilizadores e precisa de ser travada.

É por isso vital limpar as pequenas tarefas para focar no conteúdo que as pessoas procuram. Quando a empresa norueguesa TeleNor cortou 87% do seu conteúdo, a sua taxa de conversão de novos clientes aumentou em 100%. A simplicidade é uma escolha, mas ao tornar algo mais simples significa que outra coisa ficou mais complexa, ou seja, não podemos tornar tudo mais simples por isso interessa focar nas tarefas mais importantes.

No final da sua apresentação, Gerry deixa-nos uma recomendação: é preciso acabar com o mito que pouco conteúdo produzido significa menos tempo dedicado a analisar as questões!

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E assim chegámos ao coffee-break da tarde, com direito a pasteis de Belém e tudo! Escusado será dizer que fizeram um enorme sucesso e não foi nada fácil apanhar um no meio de tantas pessoas. Já com as energias repostas, chegámos às últimas duas apresentações do dia, e que apresentações!

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