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nVidia Tegra2 3D e Tegra3

Introdução

A nVidia tem um problema ou se calhar uma oportunidade. Não sei qual dos dois será o mais apropriado.
Isto porque o negócio principal da nVidia era, até à pouco tempo, placas gráficas e chipsets.

Em relação aos chipsets, a AMD comprou a ATI, que também tinha uma divisão de chipsets e com isso a nVidia perdeu o interesse neste lado do mercado. Em relação à INTEL, não tem licença para usar o novo bus QPI, usado nos últimos processadores da INTEL e por isso, abandonou o mercado de chipsets por completo. Está morto e enterrado.

Em relação às placas gráficas, continua a ser o principal mercado da nVidia, mas nuvens negras aproximam-se, com a INTEL e a AMD a colocarem GPUs integrados com o processador, que vão ser cada vez mais potentes com as melhorias do processo de fabrico e com a AMD também a dar grande luta no mercado de placas gráficas.

Devido a este dois factos, a nVidia nos próximos anos vai mudar bastante de rumo e a revolução já está a acontecer.
Vão-se virar principalmente para dois mercados.

O mercado de “High Performance Computing”, com os mesmos GPUs que usam nas gráficas, mas que um dia podem ter que separar as águas, apesar de ser o mercado das placas gráficas que está a alimentar o desenvolvimento da nVidia neste novo mercado. No entanto sobre HPC e a nVidia, já escrevi sobre o assunto noutro artigo.

O segundo mercado é o mercado móvel (e não só, no futuro, com o projecto Denver) utilizando processadores ARM, visto ser uma boa escolha pelo seu baixo consumo, estarem a ser cada vez mais poderosos com o desenvolvimento de novas arquitecturas e finalmente porque a nVidia não tem uma licença x86.

Estas mudanças vão-se notar e os actuais chips Tegra2 e os futuros Tegra2 3D e Tegra3 são prova disso mesmo.

Tegra2 3D

Este chip foi anunciado à pouco tempo e é uma evolução e um acompanhar das modas ao mesmo tempo. O nome de código é T25 para o mercado tablet e AP25 para o mercado de telemóveis.
Não é nenhuma alteração radical ao Tegra2. Tudo é igual, apenas adiciona duas coisas importantes:
– Suporte para dispositivos 3D
– Aumento do clock de 1 para 1.2 Ghz

Este novo chip deve estar pronto durante este primeiro quarto de ano e só vai reforçar a posição da nVidia neste mercado, que já é considerável, pois como se viu na CES, muitos dos dispositivos móveis, como telemóveis e tablets vão ter como processador central o Tegra2.
Vamos olhar em mais pormenor para o Tegra2.

Este é um diagrama do Tegra2, que pouco deve ter sido alterado para o Tegra2 3D.

Reparamos que ele tem unidades fixas para HD vídeo enconding e decoding, 2 cores ARM da família ARM9 e uma Geforce, que será adaptada para este mercado. Tudo o resto, como PCI-Express, controlador de memória, USB e outras funcionalidades normalmente que estariam numa northbridge ou southbridge, estão integrados no chip e não ocupam grande espaço.
O que acontece é que temos aqui um completo SOC (System on a Chip) bastante poderoso e de muito baixo consumo.
No entanto o Tegra2 não deixa de ter os seus problemas. Apesar do suporte para vídeos HD, a sua máxima resolução está limitada a 1680X1050 em tablets e 1024X600 em telemóveis.
Mas deixo aqui um vídeo que demonstra bem o que se consegue fazer com um Tegra2.

O seu consumo é tão baixo e o seu poder de processamento é tão razoável, que há até quem anuncie computadores com este chip. Um exemplo é o Trimslice, dos mesmos fabricantes do Fit-PC.

Este é um computador completo, apesar de ser extremamente pequeno. Pode-se usar Linux, como por exemplo Ubuntu ou Android e a empresa já anunciou que vai ter pelo menos um sistema operativo que acompanha este PC. O computador é virado tanto para o mercado individual, como para o industrial.
Conhecendo o Fit-PC em mãos, este também deve ter uma qualidade de construção excelente e está repleto de funcionalidades, como duas portas Hdmi, 1 GB de RAM, disco SSD 1.8 polegadas de 64 GB, dois card readers, quatro portas USB, gigabit, wireless N e bluetooth. Isto tudo com um consumo de 3W e num espaço de 5.1 x 3.7 x 0.6 polegadas.

O que quero dizer com este dispositivo é que o Tegra2, versão normal e 3D, é um chip para ser levado a sério, mesmo em mercados que não se esperava, como netbooks e PCs. Imaginem por exemplo este computador como CarPC.

Tegra3

Mas a verdadeira novidade, sai no final do ano, com o leak que foi feito ao roadmap da nVidia para a família Tegra.


No fim deste ano, teremos no mercado o Tegra3, provavelmente com um processo de fabrico mais pequeno.

Não sei se lhe deva chamar uma revolução, porque no aspecto principal, não o é. O que quero dizer com isto é que apesar de terem sido anunciadas novas arquitecturas ARM, a nVidia vai-se manter com ARM9. É da minha opinião que uma evolução na arquitectura, está guardada para o projecto Denver, que penso que será algo bem mais parecido à performance de um processador x86, mas com melhorias no consumo e em outros aspectos, como na parte multimédia.

No entanto este Tegra3 apesar de não ser uma revolução, não quer dizer que seja mau. Muito pelo contrário.
Será um quad core, ao contrário do Tegra2 que é um dual core. Chegará aos 1.5 Ghz. A parte gráfica será 3 vezes mais poderosa que a da Tegra2, onde aqui poderá ser um GPU completamente novo ou igual, mas com mais unidades. Suporte Blu-ray, quase de certeza com as extensões 3D e uma resolução máxima de 1920X1200 na versão tablet e 1366X768 na versão para telemóveis.

Vai ser um excelente chip quase de certeza e que vai ser difícil concorrer com ele.

Conclusão e futuro

Antes demais, dizer que acho que a nVidia no roadmap está a limitar demasiado o mercado para o Tegra3. Se já estamos a ver o Tegra2 a ser usado noutros mercados, a versão 3 vai com certeza aparecer em mais dispositivos que não estamos à espera. Penso que essa vai ser a maior surpresa que o Tegra3 nos trará, pois imagino por exemplo distribuições de Linux a correr neste chip, como as mais conhecidas e mesmo Android e ChromeOS.

O futuro mais distante, vejo talvez a possibilidade de o Tegra ter uma arquitectura ARM mais avançada, GPUs mais parecidos com a linha normal das Geforces e cada vez mais capacidades, tanto multimédia como outro tipo de processamento, com clocks mais elevados, mais cores, maiores resoluções, integração de mais funcionalidades, etc.
Vejo também ele a correr Windows 8, quando a Microsoft o decidir lançar para o mercado ARM e isso será uma barreira que deixará de existir.

Também vejo o projecto Denver levar os processadores ARM a mercados muito mais exigentes, como workstations e “high performance computing”, a competir directamente com a AMD e INTEL.

O Tegra no ínicio pode ter parecido apenas um projecto secundário da nVidia, mas não é isso que a nVidia tem em mente. Os processadores ARM, SOCs ou não serão um dos mercados principais da nVidia e pelo que vejo, eles estão a apostar tudo neste mercado. O futuro dirá qual vai ser o nível de sucesso.

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