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Análise: Virtua Tennis 4

Virtua Tennis 4 não é o típico jogo de desporto anual. Nem é essa a sua intenção. Algo que sempre caracterizou esta série, foi a sua simplicidade e diversão. Será que isto ainda é suficiente?

Mantendo-se fiel à sua filosofia, a simplicidade foi transportada para os menus. Estão com um design apelativo e bastante colorido. Está tudo onde deveria de estar e todas as opções são de fácil acesso. Pode parecer algo picuinhas, mas muitas vezes temos de percorrer uma enormidade de menus apenas para mudar uma simples opção. Este problema não existe aqui.

Onde irão passar uma boa parte do tempo, será no redesenhado modo World Tour. Como é hábito, temos de começar por criar um jogador de raiz. Existem várias opções de costumização: altura, peso, posição do nariz, sobrancelhas e boca e até massa muscular. Findo este processo, podemos começar a nossa carreira e tentar chegar ao topo da tabela.

A nossa carreira é composta por 4 épocas, e cada uma, para além dos Grand Slam, apresenta torneios intermédios. Para conseguir uma participação nestes torneios, é preciso “stars”. Basicamente, isto é o sistema de classificação do nosso jogador. Estas stars são ganhas através de jogos de exibição ou de eventos públicos como sessão de autógrafos ou uma aula de Tennis. A condição física e estilo de jogo, são evoluídos através dos mini jogos típicos do Virtua Tennis. À medida que se vai avançando pelas épocas, desbloqueamos novos equipamentos e acessórios. Se no fim da 4ª época, tivermos uma boa classificação, somos convidados a participar numa 5ª época, onde só os melhores jogadores participam. Depois de acabada a temporada, podemos começar uma nova com o mesmo jogador, sendo que a stamina e o rating começam do inicio mas tudo o resto (dinheiro, equipamento e game style) mantém-se. Infelizmente, durante os jogos, não existe uma gestão de stamina, ou seja, independentemente do que se faça dentro do court ou do tipo de piso, a stamina gasta será sempre a mesma de jogo para jogo. Isto era algo que gostava que tivesse sido implementado, pelo menos neste modo.

Como referido, o modo World Tour foi redesenhado e agora tem a aparência de um jogo de tabuleiro. Para se avançar pelas “casas”, são precisos tickets e cada um, tem um numero especifico de casas que somos obrigados a avançar. Se o aspecto tabuleiro, se destaca pela positiva, o sistema de tickets, nem por isso. Se os passos não forem extremamente bem planeados, corremos o sério risco de falhar os torneios intermédios todos. Além disso, acontece frequentemente, não ter o ticket necessário para entrar na casa que queremos e isso, mais uma vez, traduz-se nos resultados no final da época.

Os tickets, tornam este modo demasiado aleatório e complicado, principalmente porque ao mesmo tempo que temos de gerir este factor, temos de fazer torneios para ganhar stars, treinar para evoluir a condição física e habilidade do jogador e ainda ter em atenção à stamina. O resultado final, é a falta de liberdade na evolução do nosso jogador. Ainda assim, com as suas falhas, este modo é bastante viciante.

Quando se fartarem do World Tour, podem passar o tempo nos outros modos de jogo. No Arcade, são feitos 4 torneios seguidos, o que se assemelha a um mini campeonato enquanto que no Exhibition podemos escolher o jogador, o court e o número de sets. Não menos importante, é o modo Network. Este modo, dentro dos parâmetros actuais, é algo arcaico e pouco robusto. Se escolherem Ranked Match, têm a possibilidade de fazer o modo Arcade enquanto esperam por um adversário. Assim que é escolhido um adversário, têm a hipótese de escolher qualquer jogador, mesmo aqueles que criámos mas não conseguimos ver que jogador o nosso adversário vai escolher. Dei por mim várias vezes a jogar com a jogadora criada por mim, enquanto que os meus adversários iam com o Federer ou Nadal. De longe, são os jogadores mais vistos no online. Também não foi implementado nenhum sistema de penalização para quem se desconecta a meio de um jogo. Nos jogos que fiz, não sofri nenhum lag nem tive problemas de conexão, mas a procura de adversário é demorada.

No que toca à jogabilidade, é puramente arcade. A curva de aprendizagem é curta o que permite retirar diversão de forma imediata. Contudo, a Sega deu alguma profundidade à jogabilidade ao acrescentar o “Super Shot”. Cada jogador tem o seu próprio estilo de jogo, e ao efectuar determinadas “pancadas”, a barra “Super Shot” vai subindo. Quando cheia, permite usar uma pancada muito forte e colocada o que serve para destabilizar o jogador adversário e se for bem usada, será um ponto ganho. Assim que é activada, a câmara faz zoom ao nosso jogador e este entra em slow motion, mostrando com todo o detalhe o seu movimento. Infelizmente, não foi muito bem implementado, pois a barra sobe muito rapidamente para este “Super Shot” ser algo decisivo no decorrer do encontro. Isso faz com que não seja preciso uma gestão do uso deste movimento. No geral, não notei uma grande evolução na jogabilidade comparando com os títulos anteriores e transmite a sensação de ser mais do mesmo.

Como seria de esperar, Virtua Tennis 4 incorpora os controlos por movimentos. Contudo, esta é uma das maiores falhas do jogo, já que só podemos jogar com o Move/Kinect nos mini jogos ou em jogos de exibição. Mesmo aqui, estamos limitados. Nós apenas temos de fazer o movimento com os braços e a consola controla o movimento do nosso jogador. A visão de jogo neste modo, é na primeira pessoa. A integração destes controladores, parece-me que foi algo feito à pressa ou que não foi devidamente trabalhado.

Em relação aos jogadores licenciados, os mais conhecidos do ATP e WTA como o Federer, Nadal ou Sharapova e alguns clássicos como Jim Courier ou Boris Becker marcam presença, mas a lista é pequena e um pouco inconsistente. Só está presente uma das irmãs Williams e não estão presentes alguns grandes jogadores como Steffi Graf, Pete Sampras ou Andre Agassi. Ainda assim, todos estão fielmente bem recriados e a IA faz um bom trabalho a imitar o estilo e comportamento dos tenistas da vida real.

Em termos gráficos, o jogo é bastante fluído e colorido, contribuindo muito para o estilo arcade. Os courts não são muito detalhados, assim como o público. Nota-se alguma falta de ambiente dentro de campo, principalmente nos Grand Slam. Quanto aos jogadores, apresentam um nível de detalhe bastante maior. A semelhança dos jogadores virtuais para os reais é bastante notória. À medida que o jogo vai avançando, nota-se o suor a escorrer pela cara e braços dos tenistas. Não deixa de ser um bom pormenor. Os replays, estão muito bons e conseguem mostrar bem todos os detalhes de determinado movimento.

No departamento sonoro, mais uma vez, Virtua Tennis 4 mantém-se fiem às suas origens. Os efeitos sonoros são os mesmos de entregas anteriores e as próprias músicas, são dentro do mesmo estilo a que estamos habituados. Isto só reforça o tradicional espírito arcada a que a série nos habituou. Ainda assim, pedia-se uma actualização ao catálogo de efeitos especiais, pois o bater da bola na raquete ou o bater de palmas por parte do público é no mínimo mau.

Virtua Tennis 4 é uma vítima da actualidade pois foi lançado numa altura em que os jogos estão numa fase de transição dos controlos normais para os controlos por movimento. Como tal, a Sega tentou inovar mas sem sucesso. O Move e o Kinect foram mal implementados, não existem equipamentos e torneios licenciados e o World Tour tornou-se demasiado aleatório e complicado. Ainda assim, todo o espírito da série está presente e para os seus fãs, isso é positivo. Quem gosta deste desporto e quer um jogo que capte toda a essência e ambiente dentro de campo, terá de procurar noutro lado. Mas quem gosta deste desporto e quer algo não muito complicado e que dê diversão imediata, tem aqui uma boa opção capaz de dar muitas horas de diversão.

Classificação final:  6/10


Nota: A classificação “6” significa acima da média.


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