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Análise: MX vs. ATV Alive

MX vs. ATV Alive é uma aposta forte da THQ num novo modelo de vender jogos ao público. Com um preço reduzido, o objectivo é oferecer conteúdo suficiente à partida e também conteúdo extra a quem estiver realmente interessado em prolongar a sua experiência. Em teoria parece uma boa ideia, mas na prática não é tão bem assim.

A primeira impressão deixada por este jogo é que os níveis de produção são baixos com menus dignos da geração passada. Essa primeira impressão rapidamente passa para segundo plano quando se verifica que inicialmente só há um conjunto reduzido de pistas (2 pistas longas no disco e mais 2 se for usado o código incluído em cópias novas) e veículos à disposição, sendo necessário subir de nível para desbloquear novas pistas e veículos. Obviamente tudo isto pode ser evitado através do pagamento de dinheiro real para desbloquear todo o conteúdo.

Para quem pretende desbloquear tudo à moda antiga e sem ficar com a carteira mais leve, vai ter que se preparar para correr nas mesmas pistas com os mesmos veículos vezes e vezes sem conta. É um processo que inicialmente é extremamente repetitivo, agravado pelo facto incompreensível do jogo não incluir qualquer modo carreira. Todo o jogo é constituído por eventos singulares e sem qualquer ligação, sendo que a única componente de progressão disponível é o nosso nível com alguns vídeos do James Stewart a falar sobre a nossa performance quando atingimos um determinado nível.

Com tudo isto é normal que todos pensem que MX vs. ATV Alive é um jogo para esquecer, mas na realidade no que interessa, ou seja, na pista, este jogo revela-se como uma agradável surpresa. Sendo um jogo a tender claramente para a condução arcade, existem componentes bastante complexas no sistema de condução. Para além das funções normais de acelerar, travar e curvar, é essencial ter atenção ao equilíbrio do nosso piloto, à força na suspensão antes dos saltos e ao uso da embraiagem à saída de curvas e após um salto. Para fazer curvas e saltos na perfeição, é preciso combinar todos estes factores da melhor maneira e é um sistema que faz toda a diferença em termos de tempos por volta e posição no final da corrida. E como tudo que pretende atingir a diferenciação entre os bons e maus jogadores, este jogo tem uma curva de aprendizagem mais acentuada que o normal, não sendo no entanto extremamente complicado. No entanto, a falta de um tutorial para ensinar os novos jogadores é mais uma decisão que não se consegue compreender.

A quantidade de pistas e veículos sendo bastante reduzida no inicio, após atingir o nível 25 chega a um número bastante aceitável e com alguma variedade, desde pistas com neve até pistas com terreno totalmente seco. E é aqui que um dos pontos altos do jogo se revela, que é o facto deste jogo incluir deformação do terreno, o que confere uma imprevisibilidade às corridas devido ao facto do terreno sofrer alterações volta após volta com a passagem dos vários pilotos em saltos e curvas. Numa geração em que jogos todo-o-terreno ignoram esta tecnologia, é certamente de louvar que a THQ tenha decidido inclui-la neste jogo.

Para além das corridas tradicionais, este jogo inclui também um modo Free-Ride em que o objectivo é usar o terreno para saltos acrobáticos com a utilização do sistema de truques do jogo. O problema é que o sistema usado neste jogo é tudo menos fiável, devido ao facto de usar combinações de movimentos usando apenas o analógico direito para realizar esses truques. O facto de usar 8 direcções e os movimentos rotacionais do analógico, origina que uma pequena diferença no ângulo em que pressionamos o analógico resulte num truque totalmente diferente do pretendido inicialmente. Juntando a isso ainda o facto de por vezes ser necessário pressionar um dos bumpers, não há dúvidas que este é um sistema bastante complexo e que nem sempre acaba com os resultados pretendidos. Confrontado com este sistema, é impossível não recordar o jogo Pure que conseguiu incluir um sistema de truques que funcionava em todas as situações, inclusive no meio de corridas.

O modo multiplayer oferece corridas usando veículos MX e/ou ATV compostas até 12 jogadores, não oferecendo nada de novo ao género mas que é extremamente divertido quando o matchmaking funciona e nos coloca em jogos contra adversários do nosso nível. Tecnicamente o multiplayer não tem qualquer tipo de problema técnico, mas o mesmo já não se pode dizer do modo split-screen, em que se verifica algumas quebras de framerate e pop-in.

Graficamente este é um jogo que não irá deixar ninguém de boca aberta, sendo que a melhor característica nesse aspecto é a deformação do terreno. Em termos sonoros, a adição de custom soundtracks na versão PS3 veio em boa hora (a versão X360 suporta essa função em todos os jogos), pois é impossível aguentar a fraca qualidade deste jogo nesse aspecto durante mais de alguns minutos.

MX vs. ATV Alive é um jogo que tenta ser pioneiro ao oferecer um novo modelo de pagamento por um jogo “normal” mas que falha totalmente nesse aspecto quando não inclui modos que devem ser obrigatórios como é o caso do modo carreira. E se na pista se revela como um jogo muito interessante e com bastante profundidade, verifica-se exactamente o oposto fora dela, o que faz com que o prazo de validade deste jogo se esgote muito rapidamente.

Classificação Final: 5/10

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