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Frozen Synapse – Análise

Devo desde já avisar que nunca fui um grande adepto de jogos por turnos. Deve ser porque não tenho muita sensibilidade táctica nem disposição para planeamentos minuciosos. Sendo assim acho que a pergunta mais correcta a fazer é “Porque raio foste tu jogar Frozen Synapse?!”

É uma óptima pergunta… aconselharam-me a experimenta-lo dizendo maravilhas e tudo mais, a breve pesquisa que fiz esbarrou um pouco no facto de ser um shooter estratégico por turnos e a coisa ficou por aí. Mas como é habitual, o Steam, mais precisamente o summer sale deu o empurrão necessário e lá o comprei a um preço simpático.

Posso já dizer que foi uma boa decisão, porque transformou-se facilmente na melhor compra do ano.

Para quem quiser um resumo rápido do que é Frozen Synapse posso dizer que é algo tipo… Rainbow Six clássico, X-Com e uma pitada de DeusEx. Do jogo da Red Storm tem a vertente táctica com uma equipa de assalto, do X-Com o planeamento por turnos e de DeusEx o ambiente cyberpunk.

A sua jogabilidade é feita por turnos, mas ao contrário do que acontece com um X-Com por exemplo, aqui as ordens não são dadas à vez, ou seja o jogador não pode responder directamente às acções do adversário, em vez disso em Frozen Synapse ambos os jogadores dão as ordens e elas são executadas simultaneamente a cada turno. Tem os seus prós e contras. É excitante ter de entrar na mente e prever as acções do adversário, mas também se perde alguma profundidade estratégica porque acaba por ser muito dependente da sorte e da tentativa e erro.

Isto no singleplayer, porque no multiplayer o jogador não tem qualquer margem de manobra nem liberdade para “tentar de novo”. E é precisamente aí que reside o grande trunfo de Frozen Synapse. O multiplayer tem um sistema brilhante em que permite aos jogadores poder sair do jogo, mas manter partidas contra vários jogadores em stand by. Quando o adversário eventualmente regressar à partida, recebemos um e-mail a avisar que temos um turno para jogar. É brilhante porque não obriga o jogador a ter que esperar indefinidamente que o adversário jogue o seu turno, sim porque há pessoas que demoram largos minutos a planear as suas jogadas.

E as partidas em si são extremamente gratificantes… quando os nossos planos correm bem. É que muitas vezes eles não vão correr como planeamos e grande parte do tempo que passamos em Frozen Synapse é a compreender os nossos erros. É uma forma de aprendizagem… penosa mas eficaz.

O singleplayer é interessante, tem uma história apelativa q.b. mas é demasiado longo, repetitivo e os últimos níveis são ridiculamente difíceis. Mas acaba por ser uma boa escola para o prato principal que são as partidas contra jogadores de carne e osso. O jogo tem uma particularidade interessante que é ao mesmo tempo um ponto positivo e negativo. Falo da aleatoriedade dos níveis. À primeira vista é óptimo, nunca há duas partidas iguais e o jogador tem que se adaptar ao que lhe aparece à frente. Mas há o reverso da medalha que é a pouca variedade de níveis e terrenos. Não há nenhum que se destaque dos demais e basicamente dá a sensação de que estamos a jogar em níveis sem personalidade saidos duma qualquer linha de montagem.

Agora o lado mais enganador, o seu aspecto visual à primeira vista pode parecer pouco apelativo, mas na minha opinião encaixa que nem uma luva na visão artística que o pessoal da Mode 7 Games escolheu. Em vez duma representação visual realista, Frozen Synapse está construído numa base que mais parece saída do mundo de Tron. Dá-lhe um aspecto fresco e uma personalidade muito própria. Como complemento encontramos a excelente banda sonora electrónica, suave e melódica mas muito viciante. Vão ficar com as melodias na cabeça.

Para finalizar, o jogo está completamente ligado com diversas plataformas sociais como o Facebook, Twitter e um exportador de vídeos automático para o Youtube. Para alguns é uma trivialidade mas é sempre uma mais valia. Quem não gosta não usa.

Como avisei de inicio, não tenho muita experiência neste tipo de jogos e talvez por isso a nota final pode vir a ser um pouco inflacionada mas… se um jogo me fez gostar assim tanto dum género que antes pouco ligava, merece ser louvado e recompensado por isso.

Classificação final 8/10

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