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Ubuntu 4.10 – 10 anos depois

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Muito importante era a inclusão de uma suite bastante completa de Office, completamente gratuita de seu nome Open Office, na sua versão 1.1.2. É um conjunto de programas vindos da Sun Microsystems e que se tornou quase norma incluir em Desktops Linux. No entanto era algo pesado, lento e sem muitas funcionalidades do Office da Microsoft. Além disso, o interface não combinava bem com o GNOME. Por exemplo, as caixas de texto tinham um estilo diferente e os botões estavam em lados opostos.

A parte do Writer, semelhante ao Microsoft Word tinha as funcionalidades principais, mas nada de muito avançado.

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Na minha opinião a parte semelhante ao Microsoft Excel era mais interessante e completa e não muito difícil de usar.

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O GNOME incluía um programa interessante, o Gconf Editor que eu carinhosamente chamo de Registry do Linux. Neste interface em árvore estavam muitas opções do GNOME que ou não eram de fácil acesso ou não tinham outra forma de mudar. Muito útil, mas muito pouco amigo de quem dava os primeiros passos no mundo Linux.

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O File Manager desta versão do GNOME era bastante diferente do actual. Por alguma razão que não encontro explicação sem ser “para ser diferente”, por defeito ele vinha no modo “Spatial”. Para explicar, quando se acedia ao File Manager (Nautilus) e se abria uma pasta, ele não abria na mesma janela. Abria sim, uma nova janela com o seu conteúdo. Claro que é fácil de perceber, que com muitas sub-pastas o ambiente de trabalho tornava-se completamente caótico.

Para alterar também não era muito intuitivo. Tinha que se ir ao Gconf Editor, mostrado anteriormente no artigo, a uma localização específica, alterar essa propriedade.

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Por alguma razão, o Ubuntu incluía várias ferramentas de diagnóstico de rede. Talvez porque muitas vezes a sua configuração não fosse simples e sem aceder à linha de comandos.

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O programa de terminal incluído era relativamente simples e não muito diferente do actual. Por defeito, tinha fundo branco com letras pretas, o que não era do agrado de muitas pessoas, mas que era algo fácil de mudar.

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O Ubuntu vinha com uma aplicação para ver logs, algo não muito agradável, mas que pode ser muito útil em caso de problemas.

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Por defeito, o Ubuntu tinha vários screensavers escolhidos e ligados ao fim de 10 minutos de não utilização do computador. A maior parte deles eram bastante psicadélicos e pouco interessantes. A nível de Wallpapers, podia-se ter só uma cor castanha, o default ou uma versão para monitores Widescreen, algo não muito habitual na altura.

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Felizmente para muitos utilizadores, havia um programa para escolher os programas por defeito em caso do browser, email, editor de texto e terminal. Muito útil para quem instalava outros programas e que não gostava dos que vinham de base no Ubuntu.

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O tema base de GNOME que vinha com o Ubuntu tinha como nome “Human” e baseava-se muito em tons de castanho. Vinham incluídos outros temas, não muito apelativos, mas a instalação de novos temas não era muito complicado.

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Os problemas com hardware não detectado por falta de drivers ainda aconteciam com bastante frequência e por isso ele vinha com um browser para visualizar o hardware que era detectado.

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Já nesta altura, ele vinha com um gestor de pacotes gráfico, o Synaptic, que já não é incluído no Ubuntu actualmente. A base era o Apt, mas tínhamos aqui um modo visual. Servia para instalar novos programas e actualizar os programas instalados.

Este para mim é um dos pontos que mais me custa em Linux. O conceito das, tão na moda “Stores” de hoje em dia, existia em Linux já nesta altura, mas parece que ninguém via o potencial de o transformar em algo muito fácil de usar.

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Graficamente também se conseguia adicionar, editar e apagar utilizadores e grupos de sistema, algo que ainda hoje às vezes as distribuições se esquecem de incluir. Linux é um sistema multi-utilizador.

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No fim da utilização, por parte do utilizador, da sua máquina, é possível graficamente efectual um log off, restart ou shutdown. O efeito do resto do ecrã se tornar progressivamente mais escuro era interessante.

Conclusão

Tenho que admitir que ao revisitar o Ubuntu 4.10 ao fim de 10 anos me deixa uma sensação ambígua. Por um lado é um sistema operativo que mesmo para a altura era leve, relativamente bonito e simples de usar, por outro lado tem muitas coisas que hoje seriam inadmissíveis por parte dos utilizadores, interfaces que não eram homogéneos e mesmo algumas opções que na altura estavam presentes e que hoje em dia foram retirados e que continuam a ser úteis.

A nível de RAM, 80 MB não era mau. Sente-se um ambiente bastante rápido e fluido. A escolha da cor castanha ainda hoje é controversa, mas ao olhar para os temas da altura, o tema “Human” era melhor que a maior parte. Os programas gráficos são simples de usar, mas por outro lado sente-se a falta de muitas opções avançadas que sempre ajudam de vez em quando.

Erros como o teclado por defeito em inglês não são perdoados hoje em dia. Simplesmente passa-se para outra distribuição, quando vemos funcionalidades simples que não funcionam corretamente.
O Nautilus em modo “Spatial” é péssimo e totalmente confuso, mas essa é uma das ideias que já se deixou cair à muito. O interface por exemplo do Open Office não bate certo com o resto e não era o único caso. Isso para um utilizador normal é mal visto.
No entanto, noto que alguns programas incluídos na altura, que considero muito úteis, estão a ser retirados actualmente por parte das distribuições com o pretexto da simplicidade. Por exemplo, uma forma de ver logs, um browser de hardware, uma forma de editar utilizadores e grupos, etc.

Revisitar o Ubuntu 4.10 ao fim de 10 anos e escrever este artigo foi um prazer. Para o mal e para o bem, em 10 anos houve evoluções e apesar de Linux em Desktop ainda ter uma percentagem baixa de utilização, Linux no geral conquistou o resto dos segmentos de mercado.
No mundo desenvolvido, as pessoas sem saberem usam Linux no seu dia a dia, seja no router ou no telemóvel ou em muitos outros dispositivos e é bom ver isso.

Espero que tenham gostado do artigo e comentem as vossas experiências no fórum de Ubuntu ou das distribuições que usavam à 10 anos atrás.

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