Cada vez mais, a Rapoo, marca chinesa de periféricos, se assume globalmente como um exemplo a seguir relativamente a design de produtos e estratégia de mercado.
A marca poderá ser relativamente desconhecida em Portugal, dada a quase ausência de inventário em lojas nacionais, contudo as suas intenções são simples: a Rapoo pretende investir em Portugal.
Hoje iremos analisar o teclado mecânico retro-iluminado VPro V800 da linha de material gaming da fabricante chinesa, teclado esse que chegará ao mercado português a um preço acessível e com layout PT-PT.
Especificações
13 Mechanical Keys, 109 Programmable
5 Dedicated Macro Keys
Multi-Level Backlight with 5 Modes
Gaming-Mode/Standard-Mode Switch
1000 Hz USB Polling Rate
Anti-Ghosting
2 mm Key Travel Distance
50 g Operating Force
V-Power3 Gaming Chip (32-Bit-Arm Core)
2 MB Onboard Memory
Gold-Plated USB Connector
2 m Braided USB Cable
Transport Clip
Dimensions: 506 x 190 x 40 mm
Weight: 1510 g
Em Detalhe
As linhas do VPro V800 assumem um certo grau de agressividade, algo que parece caracterizar marcas ainda jovens no mercado de periféricos gaming, contudo, tais linhas não assumem contornos de tamanha intensidade que obriguem a que o teclado seja apenas utilizado em casa, fora de ambiente profissional. Quer observemos a fonte utilizada nos caracteres presentes nas teclas ou a simples retro-iluminação de cor branca, este é um teclado, que até certo ponto, consegue transpirar um certo grande de maturidade e sobriedade.
Relativamente ao fabrico deste equipamento, teremos aqui um parâmetro que certamente concederá bastantes pontos positivos na avaliação final. Apesar desta ser apenas a segunda iteração da marca com um teclado mecânico, a marca chinesa foi capaz de nos trazer um produto com elevada atenção ao detalhe, acabamentos quase perfeitos e acima de tudo, uma solidez de estranhar neste ramo do mercado.
A estrutura do teclado é composta por plástico banal (sem qualquer tipo de coating), no entanto, a mesma parece estar apenas separada em duas partes, inferior e superior, sendo que a sua junção, a qual percorre o teclado em toda a sua volta, se encontra muito bem acabada, linear e sem vestígios de colas ou de plástico danificado. Ainda relativamente aos materiais utilizados, podemos reparar que, no fundo do teclado, o logotipo é formado por linhas paralelas metálicas, que consoante a perspetiva, refletem o brilho da luz ambiente com intensidade diferente; podemos também observar no canto superior direito o que parece ser um pequeno retângulo com plástico opaco, onde se encontram assinalados os estados de Caps, Num e Scroll lock, em harmonia com a retro-iluminação branca das teclas; por último, devemos referir a qualidade de acabamentos do cabo sleevado de dois metros de comprimento com terminação USB banhada a ouro.
Infelizmente, a tendência em usar switches KailH (neste caso, KailH Yellow) por marcas de menor dimensão é também ela perpetuada pela Rapoo, o que nos leva a contar com um produto de menor durabilidade, dada a falta de controlo de qualidade dos switches chineses face aos Cherry MX da Alemanha. Não obstante, contando já com longa experiência de uso de switches KailH Red, poderei afirmar que em termos práticas, poucas diferenças poderei demarcar entre os switches chineses e alemães, para além de switches com a mesma nomenclatura apresentarem valores de tensão diferente.
Outra crítica a apontar, será somente o som emitido pelo teclado no final de cada pressionamente de tecla, um som oco e metálico, de volume muito baixo, mas que ressoa por algum tempo.
No que toca às teclas propriamente ditas, como dito anteriormente, podemos encontrar uma fonte completamente standard para a representação dos caracteres, de tamanho bem visível e posicionada na porção superior e ao centro da tecla.
Quanto ao número adicional de teclas (113 vs 102), sendo este um teclado gaming, não é de estranhar o aparecimento de 5 teclas dedicadas a macros na zona mais à esquerda da board, que, obviamente, têm a sua devida utilidade. Mais invulgar serão as 4 teclas acima do numpad, que, respetivamente, permitem controlar os níveis de luminosidade (4 níveis de intensidade e 1 modo pulse), dar mute/unmute ao áudio, bloquear a tecla Windows (para aqueles que a clicam acidentalmente in-game) e alterar o perfil definido no software, todas elas sem necessidade de emparelhamento com uma tecla de função adicional.
Ainda neste campo, as teclas deste teclado quebram o mito que ditava que as keycaps de switches KailH abanariam mais do que o normal, algo que não poderia estar mais distanciado da verdade. Aliás, sinto que as keycaps apresentam uma menor folga face às de alternativas como o Ozone Strike Pro, teclado que usa Cherry MX Red.
Ainda neste tópico, somos capazes de encontrar mais algumas qualidades neste teclado, nomeadamente numa área onde muitas marcas têm por hábito falhar, ou seja, a correta aplicação de espaçadores em teclas de maior dimensão (ex: Espaço, Enter, Shift, etc). Nesta unidade, encontramos as teclas Shift e Enter, com espaçadores, mas com a mesma solidez das teclas normais, contudo, o mesmo já não se verifica com a Barra de Espaços e Backspace, uma vez que a primeira se encontra profundamente amortecida por algum tipo de material e as duas abanam mais do que qualquer outra tecla.
Relativamente a aspetos mais acessórios, muitos fabricantes começam a normalizar a inclusão de portas multimédia nas costas do teclado, algo que rapidamente se torna bastante útil, anulando a necessidade de extensões para cabos e o tradicional galo na cabeça que muitas vezes aparece depois de uma pessoa ligar a pen na traseira do computador e levantar-se sem consciência da altura da mesa. Esta seria um adição interessante, mas que não foi contemplada pela Rapoo. Felizmente, a marca chinesa não se esqueceu de adicionar os pés que qualquer teclado necessita, sendo que à frente, apenas encontramos aplicações de borracha para evitar o deslize do equipamento e, atrás, os tais suportes para levantar o teclado por volta de 1cm.
Software
Sendo este um teclado que aponta sobretudo ao público mais envolto na área gaming, seria impossível contornar a necessidade de um bom software. Felizmente, temos uma marca de segundo plano que investiu conscientemente nesta área, trazendo cá para fora uma interface de qualidade, um catálogo completo de funcionalidades e uma legítima tradução para português de Portugal.
Em primeiro plano, podemos ver a página para seleção de perfil e, acima de tudo, seleção de tecla para a posterior configuração da mesma. Assim, com um clique no botão esquerdo do rato, encontramos uma pequena janela com as seguintes abas.
Fica a faltar a imagem da primeira aba, da qual é impossível capturar uma imagem, quer seja com o normal Alt+PrntScr ou com a ferramente Gyazo, onde iríamos encontrar a opção para atribuir uma determinada macro à tecla.
Fechada esta janela e selecionada a aba Controlo, podemos encontrar funcionalidades como a alteração de frequência de atualização do teclado (algo desnecessário) e a configuração manual de intensidade e tipo de iluminação, por região de teclas.
Resta agora somente mencionar que a gravação de macro, está separada do resta das opções, sendo que para acessar a tal parte do software, bastará clicar no ícone da roda dentada no conto superior esquerdo da interface.
Conclusão
O Rapoo VPRO V800 chega ao mercado com o intento de se posicionar no segmento médio de mercado, dado o seu preço de 120€. Tendo em conta as suas características, podemos afirmar que esta é uma solução que poderá facilmente competir com a oferta de marcas como a Razer e Roccat, no entanto, o valor pedido pelo mesmo distancia-se de alguns outros teclados que oferecem retro-iluminação e switches Cherry MX por um preço substancialmente inferior.
Por si só, o teclado apresenta qualidade e atenção ao detalhe, no entanto, a marca perde uma oportunidade prima para uma entrada no mercado em destaque devido à utilização de switches KailH. Assim, ficamos com um teclado mecânico razoavelmente equilibrado, que bate a oferta de algumas marcas, mas que fica atrás de outras.
A ZWAME agradece à Rapoo a disponibilidade do equipamento para análise.