Análises

Análise ao Razer Blackwidow Chroma

Para a maioria das pessoas, a Razer é uma marca que claramente dispensa introduções, tal é o seu estado de consolidação no mercado de periféricos gaming global, onde também não escapa Portugal.

Ao longo dos anos, vimos a evolução e a marca deixada pela marca norte-americana no mais variado género de jogos, extendendo-se desde o Counter-Strike 1.6, onde o Razer Deathadder conservava um certo prestígio e caráter elitista, até ao World of Warcraft, onde o Razer Naga foi introduzido e não tardou em vingar.

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Poucas das suas linhas de produtos revelam real qualidade, tanto que atualmente, os seus headsets ainda se ficam muito atrás em termos solidez e qualidade sonora, tal como os seus teclados, os quais apresentam uma robustez e uma escolha de switches não muito abonatória. Sobre os ratos, outra luz incide, uma vez que a marca norte-americana foi capaz de lançar modelos de genuíno valor, tal é o caso da parelha Deathadder-Abyssus.

Hoje teremos a oportunidade de analisar a versão RGB do teclado que cabeceia a line-up de teclados mecânicos da marca, o Razer Blackwidow Chroma.

Especificações

  • Razer™ Mechanical Switches with 50g actuation force
  • 80 million keystroke life span
  • Chroma backlighting with 16.8 million customizable color options
  • Razer Synapse enabled
  • 10 key roll-over anti-ghosting
  • Fully programmable keys with on-the-fly macro recording
  • 5 additional dedicated macro keys
  • Gaming mode option
  • Audio-out/mic-in jacks
  • USB pass-through
  • 1000Hz Ultrapolling
  • Braided fiber cable
  • Approximate size: 475mm (Width) x 171mm (Height) x 39mm (Depth)
  • Approximate weight: 1500g

Embalagem e Conteúdo

No que toca a teclados, especialmente quando olhamos a linha Blackwidow, vemos que a Razer tem, ao longo dos anos, optado por manter o desenho e organização visual da caixa mais ou menos inalterados.

Como é costume na frente da caixa, temos uma larga imagem do teclado, com o nome da marca e modelo em destaque.

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Ao longo das laterais de comprimento, encontram-se listadas features, aspetos técnicos, certificados, enquanto que nas homólogas de menor comprimento, apenas encontramos o tradicional branding, juntamente com uma imagem parcial do equipamento.

Nas costas da caixa deparamo-nos com informação signficativamente mais extensa e interessante. Temos uma pequena introdução ao teclado, um diagrama e tabela a descrever o switch, uma imagem do teclado legendada com features do mesmo, e, na zona inferior, a listagem das especificações em 11 línguas diferentes, incluindo em português (do Brasil).

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Abrindo a embalagem, vemos que o teclado chega bem acondicionado, sem folgas que permitam o movimento inconveniente do mesmo aquando transporte. Juntamente com ele chegam dois comunicados por parte do CEO e co-fundador da marca norte-americana, um guia, e o não menos esperado par de autocolantes com o logo da Razer.

Em Detalhe

Não é precisa muita atenção para reparar que a Razer tem mantido o design da shell dos modelos Blackwidow praticamente intactos desde a primeira iteração da marca pelo mundo dos teclados mecânicos. As linhas agudas nas zonas laterais e inferiores do teclado, conjugadas com a suavidade com que ocorre a dobra da zona superior, e posicionamento do logo retro-iluminado no fundo da board, definem o desenho do Blackwidow, desenho esse consolidado ao longo dos anos pela sua bem sucedida implementação de uma imagem sóbria ao mesmo tempo que não fastidiosa. Não obstante, é consensual a opinião de que o lettering das keycaps derruba parcialmente por terra tal esforço, graças ao seu perfil tão centrado na cultura gaming, assim como a inclusão de teclas extras para a definição de macros, e inclusão do sistema de iluminação RGB.

Numa ótica mais detalhada, vemos que este modelo base, na composição da sua shell, dá uso a um tipo de plástico bastante aprazível, com uma tonalidade preta (muito ligeiramente acinzentada) e granularidade bem fina, de tal modo que dá um ar matte sob condições de iluminação ambiente normal e confere uma textura lisa e baça bastante banal. Em utilização quotidiana nunca fui capaz de deixar a shell marcada com os óleos naturais das mãos e dedos, no entanto, relembro que sou uma pessoa que nunca segura num lápis ou vai a um computador sem lavar as mãos.

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Ainda a respeito da shell, concedo que não consigo identificar nenhuma imperfeição no topo da mesma, as bordas que fazem vizinhança com a área das teclas encontram-se bem definidas e delimitadas, e sem a mínima das pretoberâncias. No entanto, na porção da parte plástica da shell que transborda e protege as laterais, temos acabamentos mais bruscos, onde conseguimos identificar linhas que têm aspeto de ser áreas de junção de moldes, havendo a consequente saliência plástica, que rapidamente descolora, deteriora, e acaba por dar um ar “gasto” ao teclado.

Por baixo da shell e das teclas, a proteger os componentes internos do teclado, temos uma placa pástica, com uma textura arenosa e cor branca “suja”. De facto, com a iluminação desligada, o aspeto não é lá muito apelativo, ainda por cima quando qualquer tipo de sujidade fica bem visível, dado o fundo de contraste. Felizmente, a junção da mesma com a shell está muito bem estabelecida, não havendo qualquer tipo de falhas para além das aberturas proximas de teclas como J, E, 0, etc, aberturas essas presentes em qualquer teclado. Não obstante, ao não incluir um key puller na compra do Blackwidow, a Razer, está a obrigar o comprador a ter um gasto adicional na aquisição de um key puller, caso o mesmo queira ter o teclado com um aspeto limpo, sem andar com soluções à la MacGyver. Além disso, ao usar este tipo de material em detrimento de metal, vemos que a Razer apontou especificamente a aumentar margens de lucro, dado que não estamos sequer a analisar o modelo stealth, onde talvez se justificaria a utilização de plástico, dada a menor intensidade do som ao teclar, bem como um perfil mais quente e abafado, que coaduna com a utilização do modelo de switches Razer que imita o mecanismo dos Cherry MX Brown.

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Como sabemos, a versão standard do Blackwidow Chroma chega com um switch Razer que procura clonar o comportamento do Cherry MX Blue, switch com feedback tátil e sonoro. A marca norte-americana encomenda os switches à fabricante KailH, cujos switches de marca própria conservam fama de menor durabilidade e integridade estrutural face ao standard da indústria. Ainda assim, apesar de já ter tido uma relativa boa experiência com o switch KailH Black por via de um Tesoro Excalibur, achei os switches da Razer (versão revisionada dos KailH Blue) ligeiramente inferiores aos homólogos alemães, especialmente quando tenho um Razer Tournament Edition com Cherry MX Blue, modelo descontinuado, aqui à beira para sentir o contraste.

Ainda é rara a marca que consegue escapar ao keyset base em ABS fino, e o Blackwidow Chroma não foge à regra. Em termos de textura, as keycaps são totalmente lisas, e tal facto é bem percetível pela palpável diferença para keysets base como o presente no já analisado Corsair Strafe RGB. Não obstante, continuamos a ter um teclado com keycaps ABS, o que significa que com o passar do tempo passaremos ter as teclas com um brilho lustroso, o qual dá mau ar ao equipamento, sendo inevitável e irresolúvel. Para piorar o problema, assim como com a Corsair, temos uma marca norte-americana que se recusa a usar standard bottom row, factor que influencia fortemente a quantidade e qualidade dos packs completos para substituição de keycaps disponíveis para aquisição em vendedores terceiros. As keycaps apresentam uma oscilação moderada, não sendo nem a maior, nem a menor que eu já vi, mas estão sem dúvida mais viradas para o segmento de “menor” do espetro, onde as teclas com espaçadores são bastante robustas, não apresentando maior “wobble” como seria de esperar.

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Na perspetiva da iluminação, vemos que a porção transparente da keycap (os caracteres) é efetivamente homogénea, o que resulta numa distribuição homogénea do brilho, qualquer seja a intensidade do mesmo.

Olhando os extras do Blackwidow Chroma, temos em primeiro lugar a coluna de 5 teclas macro, úteis para alguns utilizadores, desnecessárias e incomodativas para outros, tal é a facilidade com que se toma como referência esta coluna, em vez da standard do bloco central e principal de teclas. Contudo, assumo que esse problema possa afetar-me particularmente a mim, enquanto à grande parte dos utilizadores possa passar perfeitamente despercebido, especialmente depois de algum uso. Relativamente ao hub lateral, não considero inteligente este tipo de posicionamento, uma vez que estando as portas na parede frontal do teclado, os cabos de um eventual headset abrem ligeiramente para ao lado, especialmente quando os cabos são de borracha, o que costuma obrigar a empurrar o rato e mousepad para o lado. Deste modo, apesar da lateral se encontrar protegida por uma saída de cerca de 0.5 cm de shell, qualquer pen USB ligada, ou jacks 3.5 mm de áudio, projetam-se demasiadamente para o lado, o que obriga a empurrar ainda mais o rato e mousepad.

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Os cabos têm um comprimento total de cerca de 2m, valor perfeitamente satisfatório. Apesar de conservarem os pontos críticos bem protegidos, nomeadamente na saída do teclado. com borracha, e na divisão do cabo em 4, com uma consola plástica, a qual contém o símbolo da marca em relevo.  No entanto, os olhos também comem, e é incomodativo ver que o sleeve da porção do cabo “por dividir” já se encontra a desfiar numa zona intermédia, ainda com tão pouco tempo de uso. Em adição, no Blackwidow temos também as tradicionais patilhas para elevar o teclado em cerca de 1 cm do tampo da mesa. Assim como encontramos 5 aplicações de borracha para evitar que o teclado escorregue e risque a mesa, felizmente, temos também uma cobertura de borracha na porção das patilhas que entra em contacto com o tampo.

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Por último, interessará mencionar que a Razer, nesta versão base (não-Silent), apenas disponibiliza os switches Razer com o mesmo perfil que os Cherry MX Blue, estando também o Blackwidow Chroma restrito à compra em formato ANSI, layout US, que apesar de ser de fácil adaptação para aqueles que de momento já escrevem ser olhar para o teclado, é mais chato por perder uma tecla face ao formato ISO (a tecla dos > <), e causa alguma frustração aos utilizadores menos versados em computadores, que escrevem mais lentamente, e facilmente perdem a posição dos dedos no teclado, ou ainda pior, quando precisam de invariavelmente olhar para o teclado à procura das teclas de acento, ç, +*, ºª, entre outras.

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Software

Todos os dispositivos da Razer, pelo menos os mais atuais, dão uso a um software único para a devida configuração. No caso da Razer Blackwidow Chroma, nem veremos qualquer tipo de iluminação no teclado, a não ser que instalemos o Synapse.

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Além das opções básicas acima expostas, temos também o Chroma configurator, uma janela onde podemos orquestrar a iluminação do teclado até a um relativo nível bastante baixo de complexidade.

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Ainda em termos de configuração, temos algumas apps interessantes na Razer Workshop, nomeadamente perfis de iluminação dinâmicamente interligados com a variedade de jogos em questão. Temos aqui o exemplo do CS:GO.

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Por último, mas não menos importante, temos a vertente estatística do Razer Synapse, uma funcionalidade interessante pelos dados que fornece, mas que de um ponto de vista prático, não acarreta grande utilidade ao utilizador comum.

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Considerações Finais

O Razer Blackwidow Chroma dá continuidade ao legado de teclados mecânicos da marca norte-americana, adicionando nesta iteração o sistema de iluminação RGB, a um equipamento que pouco tem evoluído de geração em geração.

Os switches Razer provêm de um fabricante não muito conhecido pela sua qualidade, apesar de tal facto não ser tão evidente à partida, especialmente para quem não teve a sorte de utilizar outros teclados com Cherry MX Blue.

A qualidade das keycaps não foge ao que é oferecido pelas restantes marcas do mercado, nomeadamente de nomes standard oferecidos em Portugal, no entanto, estas têm um toque especial, mais liso, o que as acaba por destacar em relação às outras.

Sendo a iluminação uma das features principais deste teclado, ficamos contentes por ver que esta revela bastante qualidade, com distribuição homogénea de cor pela keycap, boa reflexão na placa plástica, e uma mais do que satisfatória intensidade de cor. Não obstante, a iluminação da Razer é bem menos configurável do que alternativas pronto-a-servir como a Corsair, alternativas mais DIY como o ainda por chegar Pok3r RGB, e alternativas no geral mais completas, como a linha Masterkey da Cooler Master, a qual chega com a própria SDK.

Tomando em conta o preço de 180€, a singular opção de switches, a iluminação subpar face a bastantes teclados atualmente no mercado, e a qualidade de construção que nunca foi abonatória na linha Blackwidow, não nos sentimos confortáveis a deixar a nossa recomendação a este teclado.

A ZWAME agradece à Razer a disponibilidade do equipamento para análise.

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