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AMD Ryzen Threadripper chegam ao mercado

Há um ano atrás muito poucos imaginavam que estaríamos aqui hoje a escrever sobre uma plataforma desktop de gama alta da AMD.  Mesmo após o sucesso do lançamento inicial dos processadores Ryzen, o anúncio da AMD, em Maio, de que voltaria a competir neste segmento com uma plataforma dedicada, apanhou a comunidade informática de surpresa.
Mas chegado Agosto, eis que os tão badalados Ryzen Threadripper aparecem nas prateleiras,carregados de núcleos, cache e linhas PCIe, prometendo trazer competição muito dura à, também recém lançada, plataforma X299 da Intel (que analisaremos em breve).

Os Processadores

A arquitectura básica destes CPUs é a mesma da restante gama Ryzen, e suporta todas as tecnologias introduzidas com a arquitectura  ZEN, mas para oferecer um maior número de núcleos, a AMD utilizou o pacote básico dos EPYC, os seus processadores destinados a servidores baseados na arquitectura ZEN. Esses CPUs utilizam até 4 chips de 8 núcleos cada num mesmo pacote (arquitectura Multi-Chip Module ou MCM) para oferecerem até 32 núcleos num só processador.
No caso dos Threadripper, cada processador usa dois chips funcionais para oferecer até 16 núcleos, 4 canais de memória e 64 linhas PCIe 3.0. destas últimas, 4 são usadas para comunicar com o chipset X399, deixando 60 livres para comunicação directa de alta velocidade e baixa latência com outros dispositivos.

O desenho MCM tem, no entanto, uma particularidade: devido à divisão dos controladores de memória por dois chips diferentes, um dado núcleo irá sempre experimentar maior latência a aceder a uma porção de memória num controlador do outro chip que no acesso a uma porção de memória num dos seus controladores nativos.
Isto é chamado de arquitectura de memória não uniforme ou NUMA (Non-Uniform Memory Arquitecture). Esta é uma situação comum em servidores, com as suas máquinas multi-CPU, mas é uma situação inédita em ambiente desktop. Felizmente, o Windows está preparado para lidar com ela desde o Windows 7 e a gestão do sistema operativo deve ser suficiente para manter tudo sobre carris nas tarefas mais mundanas. Não obstante, existiram sempre casos de aplicações que lidarão pior com esta questão. Para evitar problemas de compatibilidade e optimizar a performance, estes CPUs têm a capacidade de emular um sistema de acesso uniforme à memória.

Este é o modo por defeito, em que o CPU “esconde” a sua natureza NUMA do SO e aplicações.  Neste modo a compatibilidade e a largura de banda são maximizadas, mas os tempos médios de acesso à memória são um pouco superiores e… heterogéneos, dependendo de qual canal é acedido. É ideal para tarefas que requerem o acesso a muita memória e o máximo de largura de banda mas não são particularmente sensíveis à latência.


Quando o acesso rápido à memória é preferido, o CPU pode ser colocado no seu modo nativo NUMA, caso em que o SO tentará, dentro do possível, manter tarefas e respectivos dados em memória dentro de um mesmo chip.

Estes modos podem ser configurados na BIOS e também, de maneira a facilitar o mais possível a sua gestão, através da mais recente versão do Ryzen Master Utility.

Dentro dela é possível alternar entre os dois modos de acesso à memoria facilmente.
É também, agora, possível activar ou desactivar com um click a funcionalidade SMT, reduzindo efectivamente as threads disponíveis a metade, no que a AMD chama de Legacy Compatibility Mode. Esta opção pretende aumentar a compatibilidade com aplicações incapazes de reconhecer números muito elevados de threads, o que com até 32 disponíveis é uma forte possibilidade, particularmente com aplicações mais antigas.


A Master Utility inclui ainda dois perfis com pré-configurações destas opções. Resumido:
Gamer mode: SMT desligado (metade das threads) / acesso de memória em modo NUMA
Creator Mode: SMT ligado (todas as threads) / acesso de memória em modo UMA

Isto conclui as especificidades destes processadores. Vamos aos modelos em si!

Os modelos 1950X e 1920X, de 16 e 12 núcleos, respectivamente, foram lançados dia 10. O 1900X, de 8 núcleos, chegará dia 31 deste mês.

As suas especificações são as seguintes:

Modelo Núc./Th. F. Base F. Boost XFR Cache L3 TDP Preço
TR 1950X 16 / 32 3,4 GHz 4,0 GHz 4,2 GHz 32MB 180W $999 (1120€)
R5 1920x 16 / 32 3,5 GHz 4,0 GHz 4,2 GHz 32MB 180W $799 (890€)
R5 1900X 16 / 32 3,8 GHz 4,0 GHz 4,2 GHz 16MB 180W $549

Além destes modelos, existem fortes indícios de uma variante do 1920X de frequências mais baixas, denominado 1920, sem X. Este modelos ainda não foi confirmando pela AMD, no entanto.

A AMD fez questão de munir os seus CPUs Premium com uma embalagem Premium, sabendo que a experiência de “desembrulhar” é especial para muitos dos utilizadores mais entusiastas. Estes processadores não incluem nenhum dissipador de origem, mas incluem um adaptador para as soluções de arrefecimento liquido AIO fabricadas pela Asetek. A embalagem inclui ainda a chave Torx necessária à instalação do CPU no seu socket. Esta chave tem a particularidade de ser dinamométrica e vir calibrada para a exacta tensão de aperto dos parafusos do socket, de modo a evitar dissabores.

A Plataforma

Como já mencionámos, estes CPUs utilizam o socket desenvolvido para os CPUs EPYC, destinados a servidor. Rebaptizado de TR4 para os Threadripper, este socket do tipo LGA (o primeiro da AMD no mercado de consumidor) de 4094 pinos tem dimensões verdadeiramente épicas!
Deixamos um video que demonstra como instalar um destes CPUs, onde a dimensão do socket, e CPU, é bem aparente:

Todos estes pinos habilitam os 4 canais de memória e as 64 linhas PCIe directas do processador, um numero sem precedentes e um dos maiores destaques desta plataforma.

Para acompanhar estes processadores, a AMD lançou um novo chipset, denominado X399. Qualquer semelhança desta designação com a concorrência equivalente será, ou não, mera coincidência.

“No Dark Lanes, No Dark Channels, No Dark Ports”. Numa clara alusão à segmentação artificial utilizada pela Intel, que em alguns casos limita fortemente a funcionalidade dos sistemas, a AMD faz questão de frisar que na sua plataforma todo o I/O está disponível em todos os CPUs.


E não se cansa de exemplificar o sem número de possibilidades permitido pelas 60 linhas PCIe disponíveis.

O chipset X399 acaba por servir para pouco mais do que acrescentar um generoso complemento de portas USB e SATA à plataforma. Inclui ainda 8 linhas PCIe 2.0 para periféricos como portas de rede.

A AMD diz ter trabalhado de perto com os principais fabricantes de motherboards para que não faltasse escolha logo no lançamento. Algumas das motherboards já se encontram disponíveis no nosso mercado.

A performance

Como é hábito, a AMD forneceu alguns valores de benchmarks para demonstrar a performance dos seus produtos. Sendo números do fabricante do produto, são, naturalmente, para serem encarados com alguma reserva.
As análises independentes já disponíveis, no entanto, parecem indica que este é, de facto, um produto de performance muito elevada, particularmente em tarefas altamente paralelizáveis, grande eficiência energética e preço altamente competitivo, conferindo-lhe um enorme potencial de oferecer concorrência renhida à Intel neste segmento. Vivemos, sem dúvida, os tempos mais interessantes dos últimos anos, para os entusiastas da informática.

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