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Sistemas operativos desktop (1ª Parte)

3. A primeira coisa a dizer é que não existe um Sistema operativo Linux. Existem centenas de Sistemas operativos com o kernel baseado em Linux. O que se coloca “por cima” é o que der “na telha” da pessoa que desenvolve, organização ou empresa.

Logo aqui começam os problemas na área de desktop. As pessoas não gostam de centenas de escolhas. As pessoas não querem aprender uma coisa, para na semana seguinte terem que aprender outra coisa completamente diferente.

Não há qualquer standard. Hoje pode-se estar no Gnome, amanhã no Kde. Nesta release pode ter um editor de imagem e na release seguinte, outro completamente diferente.

E depois está tudo sempre em beta. Há projectos que não se acabam, outros que são substituídos por outros quando estão a amadurecer. É a selva, mas ainda pior!

Depois há a questão dos drivers e do suporte de hardware, que felizmente está cada vez melhor.

Os “fanáticos” do open source em que vêm este tema como se fosse uma religião.

Não façam explodir bombas numa casa. Tornem-na melhor, mesmo que para isso tenham que comprar mobília de contraplacado (ok, não é a melhor comparação, mas pelo menos evitei comparações com a industria automóvel…).

Outra erro que vejo cometer repetidamente e é um erro enorme. Não copiem o Windows ou o OS X “descaradamente”. Sim, há coisas positivas que se pode ir buscar, mas não copias “baratas” destes dois sistemas operativos.

Estas cópias só dão mais valor ao original, pois se derem a escolher a um utilizador, uma cópia ou um original de qualquer produto, é obvio que vão escolher o original.

Há imensas distribuições que cometeram ou cometem este erro, mas para mim houve um projecto que foi uma asneira por completo.

Inicialmente gostava do Kde, até ao 2 e inicio do 3. Mas a na versão 3, o que me pareceu é que quiseram transformar o Kde num Windows ainda mais que o Windows e foram adicionando funcionalidades em cima de funcionalidades, até ao ponto em que o file manager tinha 6 menus e isso “era perfeitamente normal”.

Tecnicamente há muita coisas boas em sistemas operativos baseados em Linux e muitos outros factores que afastam as pessoas, talvez o mais comum seja o desconhecimento.

Para mim, se Linux se quer tornar num Kernel/Sistema operativo mais utilizado em desktop, tem que inovar, assentar e por muito que choque, só uma distribuição pode vencer e todas as outras se tornarem nichos neste mercado ou mudarem-se completamente para outros mercados como o de servidores ou embedded.

Eu penso e espero que sei qual é essa distribuição.

4. O “empurrão” e mesmo fanatismo como Linux é defendido na área de desktop fascina-me um pouco, mesmo quando muitas pessoas sabem que as distribuições têm problemas e desvantagens contra outros sistemas operativos, muitas das vezes coisas básicas.

Eu quase diria que valia a pena fazer um estudo social sobre o assunto.

A primeira vez que vi Linux foi numa revista, penso que Red Hat 5.1 ou algo do género.

Como muitas pessoas, fiquei intrigado pelo conceito, quis experimentar, não consegui configurar o X e perguntei-me que mundo era este do “open source” e de ter algo “parecido” com Unix em Desktop.

Hoje em dia pode parecer um pouco parvo, mas para mim Unix era para servidores e workstations (no tempo em que esta palavra ainda tinha valor) e colocar num desktop era algo quase contra natura.

Passo a exemplificar. Imaginem que hoje alguém fazia um clone de HP-UX, com o objectivo de o correr em telemóveis. Parece um exercício um pouco disparatado e era assim que via no inicio Linux.

No entanto desde o inicio até aos dias de hoje, foi feito um enorme esforço para adaptar Linux às necessidades de desktop e não me passa a quantidade de horas gastas e projectos feitos para tornar isso realidade.

Hoje em dia podemos dizer que as distribuições de Linux viradas para desktop, com mais ou menos falhas, goste-se ou não, são perfeitamente usáveis.

A grande questão onde quero chegar é se é mesmo necessário ter Linux no Desktop, quando existem boas alternativas?

A meu ver não. Penso que não é preciso considerar que Linux só tem sucesso, se tiver uma boa quota de mercado em desktops.

A meu ver Linux já venceu. Um projecto caseiro tornar-se no que se tornou, em que varreu do mapa muitos sistemas proprietários de muitos sectores. Onde já fez poupar milhões. Onde tem uma base sólida de programadores e bastante “mind share”.

Não, não é preciso que Linux vença no Desktop. Se não vencer, não vem mal nenhum ao mundo. Quer apenas dizer que há melhores propostas no mercado.

Se Linux vencer no mundo de desktops, possivelmente é bom, mas não o torna melhor ou pior. O valor já está lá seja como for. Se vencer, só confirma a sua flexibilidade.

5. Temos pelo meio o Chrome OS da Google. Tecnicamente é baseado em Linux, mas de facto, isso não interessa, porque o “peso” está todo em cima do browser.

Para dizer a verdade, até preferia que o kernel não fosse Linux, para não se fazerem comparações directas com outras distribuições. Penso que isso seria bom para o Google e para as outras distribuições.

Como sabem, o Chrome OS ainda não foi lançado e muita coisa ainda pode ser mudada, mas querem mesmo um sistema operativo em que tudo é feito num browser?

Eu percebo o peso da internet e as potencialidades de muitas tecnologias. Javascript, html5, etc.

Talvez um velho do Restelo, mas eu quero um browser para navegar, um áudio player para ouvir musica, um processador de texto para escrever um texto, etc. Agora tudo isto num browser, cheio de tabs, em que “confiamos” todos os nossos dados a uma empresa?

E sim, a Google pode falhar e falhar em grande.

Desculpem, mas não gosto do conceito. Não é para mim. Neste ponto, espero que falhem em grande.

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