Artigos

Cloud – Alguns pensamentos

Este é um pequeno artigo sobre um assunto de uma frase que está bastante na moda. Cloud Computing.

Vou começar por dizer que Cloud Computing, tecnicamente, não existe. Pelo menos é essa a minha opinião. Para mim o que se chama a cloud não é mais que uma mistura de várias tecnologias, que criam uma layer para o utilizador criar ou usar um serviço. Isto é, a nível tecnológico, tirando as inovações que vão sendo criadas a nível de virtualização, hardware, etc, a cloud é muito pouco interessante.

O contrário não acontece para os utilizadores finais, pois recebem um serviço, que em grande parte das vezes não é preciso conhecimentos técnicos ou tem outras vantagens como a flexibilidade ou o custo. No entanto, e como reafirmo, para mim cloud não passa de um “palavrão” que não define nada em concreto, visto que cloud computing pode ser muita coisa ou mesmo nada, quando a palavra é usada indevidamente.

Mas continuando com o artigo de opinião. A primeira vez fiquei impressionado com a “cloud”, foi à largos anos, com uma empresa chamada 3tera.

Ao inicio, ao ler o artigo sobre a empresa, não me pareceu mais que um monte de “palavrões” tecnológicos, atirados para uma “sopa de letras”, mas no site da empresa tinha um vídeo que demonstrava o produto. O vídeo não é o mesmo, mas convido-vos a ver o actual vídeo na mesma, porque mesmo hoje, continua a ser muito interessante. O vídeo encontra-se em http://www.3tera.com/AppLogic_demo.php.

A empresa entretanto foi, infelizmente, comprada pela Computer Associates, uma empresa que não gosto profundamente, pois alguns dos seus produtos são verdadeiras tragédias.

Mas passando à frente desse pormenor. Se virem a demonstração, acho que vão achar muito interessante. Quando vi a demo, não achei apenas interessante. Fiquei completamente de boca aberta. Para quem cria projectos, para implementar uma infraestrutura, aquilo é o céu. Ter uma aplicação muito parecida com o Visio e no fim carregar em “aplicar” e ter a infraestrutura em cima é algo do outro mundo.

Qual é o meu problema com este projecto e muitos outros? É que a layer visível para o utilizador é tão espessa, que não sabemos o que se passa por trás, o que num produto destes ou noutros é um aspecto algo preocupante, pois temos que “confiar” a 100% no produto, sem sabermos os pormenores. Outro problema é que não sabendo os pormenores, não sabemos como os nossos dados são tratados. Isto é, se estão seguros, quem pode aceder a eles, etc.

Outro grande problema é como garantir que a empresa que nos está a fornecer um serviço, é suficientemente sólida para nos garantir o serviço durante X anos. E é aqui que vejo o problema da cloud, pelo menos a cloud “pública”. Estamos a trocar facilidade por controlo e isto parece-me um caso complicado de resolver.

É como num router ligarmos o upnp, para não nos estarmos a perder tempo a configura-lo. É mais simples, não tem custos de tempo, mas tem os seus riscos.

E é assim que vejo a cloud. Um risco. Um risco que acho que vai vencer, pois a facilidade ganha sempre, mas que também vai trazer dissabores e não sei se as pessoas estão preparadas para esse risco.

Decidi escrever este artigo por duas notícias desta semana. O primeiro portátil em fase de testes do ChromeOS, um sistema operativo na “cloud” e o “arrumar para o lado” do delicious, um site dedicado a guardar e partilhar bookmarks, na “cloud”.

Partindo por este último ponto. Sendo um serviço ainda por cima grátis, como podemos confiar os nossos dados e a nossa informação a um site, que basta uma empresa decidir que não quer continuar com o projecto, para o utilizador ficar de mãos vazias?

Eu sei que há forma de exportar os dados, mas muitos não têm conhecimento da notícia, não o sabem fazer ou simplesmente não têm uma alternativa melhor.

Penso que esta notícia devia alertar todas as pessoas que nem tudo é rosas.

Em relação ao ChromeOS. Apesar de existirem serviços parecidos, não existe nenhum com uma empresa tão grande por trás. O ChromeOS tenta lançar um novo paradigma sobre como usamos o computador diariamente. Isto é, o sistema operativo é o browser. As aplicações estão no browser e os dados ficam na google.

O conceito é fantástico, pelas vantagens que trás. Com o nosso login, podemos entrar em qualquer dispositivo com o ChromeOS e ter o nosso ambiente de trabalho.

No fundo isto não é nenhuma novidade, visto que a nível empresarial já era possível fazer o mesmo com Windows há quase 10 anos, com “Roaming profiles”, “redirecionamento de pastas”, etc.

A diferença é que, no mercado empresarial estamos num local controlado, onde as regras devem ser claras. Com o ChromeOS e numa cloud publica, não sabemos como podem ser usados os nossos dados, quanto tempo o serviço vai estar disponível, o que acontece em caso de falhas, etc.

E este último ponto penso que é um dos factores mais importantes para se dividir a “cloud” em publicas e privadas. A cloud privada há um controlo. Tecnicamente sabe-se o que está por trás. Há regras, políticas, etc. Numa cloud pública tudo isto tem que ser transformado em “confiança” pelo fornecedor do serviço.

Como disse atrás, a facilidade de uso normalmente ganha sempre a estes factores e não me admirava que o ChromeOS se tornasse um sucesso, não só pela facilidade, mas também pelos preços que o hardware poderá ter (usando chips ARM) e pela forma simples como está desenhado o Sistema Operativo.

No entanto, queria deixar aqui umas pequenas palavras. Não rejeitem à partida a “cloud”, mas quando usarem um serviço que está na “cloud”, pensem em todos os pormenores e no que pode acontecer de errado, pois são os vossos dados que estão em causa.

Artigos Relacionados

Botão Voltar ao Topo