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Visual Studio 2012 e as novas práticas de desenvolvimento de software

Nota do Editor: Este artigo é da autoria de Henrique Carreiro, responsável da Área Académica e de Inovação da Microsoft Portugal. É ainda responsável pelos programas BizSpark e DreamSpark de apoio ao Empreendorismo e Inovação. O nosso agradecimento ao Henrique pela gentileza nesta colaboração com a ZWAME.

O novo Visual Studio foi o resultado de uma profunda análise efectuada pela equipa de produto sobre as necessidades actuais dos utilizadores de um ambiente integrado de desenvolvimento.

A versão de 2012 introduz assim um conjunto de significativas melhorias, que vão desde o interface ao suporte para desenvolvimento de aplicações em interfaces modernas, “web” e “cloud” até às medologias ágeis e à mais recente tendência de adopção de kanban para a engenharia de software.

Desenvolvimento para Windows 8 e “cloud”

O Visual Studio 2012 consituirá a principal ferramenta de desenvolvimento para o Windows 8, quer para profissionais, quer para hobistas avançados. Para os primeiros, todas as versões do VS (das versões Professional ao Ultimate) tiveram alterações importantes.

Para os que procuram a actividade de programação nos seus tempos livres, as novas versões gratuitas, Express incluem agora edições focadas no desenvolvimento para Windows 8, a Web ou o Desktop, assim como, pela primeira vez, um Team Foundation Server Express.

O Visual Studio 2012 torna mais simples a criação de aplicações que funcionem em múltiplas plataformas, incluindo  Windows Phone, dispositivos (nomeadamente os sensíveis ao toque) correndo o Windows 8, com aplicações em modo de ecrã pleno, a consola Xbox 360 e, claro, o computador desktop tradicional.

Bibliotecas portáveis permitem que os programas sejam escritos e compilados uma vez e em seguida executados em múltiplas plataformas.

Para pequenas equipas que pretendam começar a implementar práticas de ALM (Application Lifecycle Managemet), o TFS Express constitui uma boa forma de iniciação, permitindo também a integração de elementos noutros ambientes de desenvolvimento (por exemplo Eclipse). Para os programadores em ambientes de desenvolvimento profissional, edições mais  completas do Team Foundation Server estão incluídas nas versões do Visual Studio a partir da Professional com MSDN.

Um dos pilares do novo Visual Studio é o suporte para o desenvolvimento de aplicações para o Windows 8, quer para os programadores que priviligiam .Net, C# e XAML, quer para quem se sente à vontade em HTM5 e JavaScript.

Os programadores que preferirem o desenvolvimento com base em código nativo (C++) encontrarão também novidades interessantes no VS 2012, nomeadamente o suporte melhorado ao ISO/IEC Standard C++ 11, possibilidade de criação de aplicações para a Windows Store e uma muito melhorada capacidade de programação em paralelismo massivo, tirando partido das capacidades dos aceleradores gráficos (GPU) que se encontram nas máquinas actuais.

O Visual Studio 2012 permite uma gama de escolhas infraestruturais, quer se tenha como plataforma alvo um servidor físico, um virtual, ou uma “cloud” pública ou privada. No caso da plataforma alvo ser o Windows Azure, pode ser feito de imediato o “deployment” directo do Visual Studio para a “cloud”.

Uma das grandes apostas da equipa de desenvolvimento do Visual Studio foi a introdução de novas capacidades no Team Foundation Server (TFS). Até agora, o TFS necessitava, na maioria dos casos (com excepção dos cenários de “hosting”) de uma instalação local, em máquinas da equipa de desenvolvimento. Com o Visual Studio 2012 surge, contudo, uma nova aproximação. Ainda em fase de pré-lançamento, está disponível o Team Foundation Service, que constitui a primeira edição do TFS a correr em ambiente de “cloud”.

O Visual Studio e as metodologias ágeis

Muitas vezes associamos os processos de desenvolvimento de software a metodologias sequênciais, em que equipas de analistas criam especificações que são depois codificadas por programadores, que dão em seguida lugar aos “testers”. O produto final destes processos é, frequentemente, abaixo das expectativas, devido à dificuldade de acomodar mudanças na especificação original, que invariavelmente surgem, mas também devido ao afastamento entre os clientes e quem desenvolve as aplicações.

O resultado traduz-se em enormes desperdícios: projectos falhados ou refeitos, ciclos de desenvolvimento desgastantes para as equipas, relações contratuais quebradas, muitas vezes com lugar a indemnizações. Tudo isto se traduz em perdas de tempo, dinheiro, recursos humanos ou mesmo confiança.

Ao longo dos últimos anos, as metodologias ágeis têm vindo a surgir como alternativas às tradicionais, procurando uma maior integração dos “stakeholders” no desenvolvimento e permitindo aproximações mais iterativas e que de alguma forma permitam acolher as alterações de rumo do projecto entregando, ainda assim, um produto final de alta qualidade. Na origem das metodologias ágeis estão princípios bem afastadas do desenvolvimento de software: os sistemas de produção Toyota (TPS), desenvolvidos nos anos 50 no Japão, que colocam especial ênfase na eliminação do desperdício.

Nas suas versões anteriores, o Visual Studio começou a trabalhar muito de perto com as comunidades Agile e Scrum em todo o mundo com vista a suportá-las, por via de “templates” específicos.

O Visual Studio 2012, agora lançado, prepara-se para ir mais longe, endereçando o interesse crescente em “kanban”.  Kanban é igualmente originário nos sistemas de produção Toyota e os seus princípios foram sendo adoptados por fabricantes de bens físicos ao longo das últimas décadas.

Muita da qualidade a preços razoáveis que hoje podemos encontrar em produtos que vão desde a indústria automóvel até à de electrónica de consumo pode ser atribuída à adopção de processos de fabrico com base em kanban.

Para já disponível através do Team Foundation Service, o “quadro kanban”, uma das possíveis manifestações desta metodologia, permite uma visualização dos elementos de trabalho em cada estado do desenvolvimento de um projecto.

Na prática, a adopção de kanban poderá permitir que as equipas de desenvolvimento possam term menos das habituais “bolas no ar”, permitindo ciclos mais eficazes, evitando os desperdícios e conducentes a melhor qualidade de software.

Muitas vezes subestimadas nas opções feitas durante o desenvolvimento de software, as metodologias de gestão de trabalho, como kanban, podem afinal ser uma das chaves para uma nova e melhor era para o desenvolvimento de software.

O Visual Studio 2012 e plataformas como o Team Foundation Service que facilitam a adopção destas metodologias poderão ser determinantes para que os programadores possam enfrentar com renovada confiança os desafios colocados pela nova geração de projectos de desenvolvimento de software.

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