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Flash e a tag video do HTML5

YouTube API Blog vem trazer alguma clareza a esta questão. O interese de conhecer a opinião do YouTube é muita. O YouTube cresce actualmente a um ritmo de 24 horas de vídeo por cada minuto que passa. É um número impressionante e seria de esperar que ao terem tantos vídeos que são totalmente carregados para os seus servidores e mais importante do que isso, o YouTube tem o controle do formato em que depois o converte, que isso ajudasse a haver uma uniformização. Mas tal não é assim tão simples.

Há dois problemas em particular que merecem aqui ser discutidos e que têm a haver com dois aspectos: em primeiro lugar a questão dos standards e em segundo lugar a questão dos diferentes dispositivos em que podem ser vistos os vídeos do YouTube. E antes de entrar nestes dois aspectos vale a pena lembrar que a escolha mais simples de deixar alguns meios de fora não é fácil de tomar porque isso retiraria um leque mais ou menos vasto de utilizadores o que não é opção para quem tem um modelo de negócios acente em receitas de publicidade como é o caso da google.

Standards de formato de vídeo

O primeiro aspecto importante é que o browser suporte o vídeo. Complica-se quando há vários browsers no mercado e com variações importantes na sua utilização. Essa variação ainda pode ser vista em termos de nicho, ou seja, a percentagem geral mostra uma evolução mas há variações significativas e não necessariamente menores nos diferentes segmentos da população que utiliza a Internet. Dito de outra forma, há variação em jovens e menos jovens, entre proficientes a utilizar o computador e os menos conhecedores e a limitação ou não do browser disponível dependendo do sistema operativo ou das permissões possíveis no computador. E todos estes utilizadores nos mais variados contextos acabam por usar o vídeo como ferramenta de lazer, informação ou trabalho.
Há ainda outro aspecto que tem a haver não com a questão acima colocada mas com a diversidade dos aparelhos e em particular da resolução do ecrã e também da ligação à internet. Estas duas questões limitam o tamanho e a qualidade do vídeo e é importante adaptar também aqui o resultado final ou vídeo. Mas tudo isto esbarra na questão do standard. Não há um standard universalmente aceite por todos os jogadores. Devido à questão da licença, ao browser ou aos próprios fabricantes (a apple não suporta Flash no iPhone mas desde o início que é possível ver vídeos do YouTube numa aplicação nativa) tudo isto é muito difícil. Não é de estranhar e diga-se desde logo que em benefício próprio, a Google apoia o projecto WebM (http://www.webmproject.org/) e disponibilizou o codec VP8 para o mesmo, assumindo as despesas caso alguém venha a processar este codec exigindo pagamento de créditos. Se garantiu desde logo o apoio da Mozilla e da Opera, não esquecendo que a Google tem o seu próprio browser que tem ganho mercado e promete ainda este ano lançar um sistema operativo chamado Chome OS para netbooks e veremos se também tablets ou se deixará isso a cargo do Android, não teve o apoio da Apple que apesar de evangelizar o HTML5 (http://www.apple.com/html5/) na sua página tem algumas demonstrações de utilização de HTML5 mas que apenas funciona no Safari que é o seu browser. Portanto a cereja no topo do bolo. Limitar algo que é completamente aberto ao browser que controla.

O mesmo conteúdo mas diferentes dispositivos.

A ideia de ter o mesmo vídeo a ser mostrado em diferentes dispositivos já percebemos pelo ponto anterior que é uma tarefa complicada. Passa pelos limites impostos pelos browsers mas também pela performance permitida pelos dispositivos. Os utilizadores com Internet em telemóveis não para de crescer e isso tem desafios próprios. Além disso e como temos podido assistir a Apple conseguiu com o iPad – a ver pelo sucesso de vendas que tem sido -criar um nicho de mercado onde esse conteúdo é importante e onde não entra Flash. Não se discute a vantagem ou desvantagem, se facilita ou dificulta a mostragem dos conteúdos, no final, a Apple decide não suportar o Flash no iPad e não há muito que o YouTube ou a Adobe possam fazer para o efeito.

Há outros aspectos importantes e que não pensamos. A questão de poder avançar até determinado ponto do vídeo. Isto é, ver o vídeo a partir do minuto x ou y. É importante. Isso não é possível com todos os codecs. Ter vídeos em alta resolução em ecrãs com essa capacidade também levanta mais desafios. Ou estes disposivos poderem servir de interface de ligação a ecrãs maiores. Outro aspecto ainda tem a haver com a vantagem de permitir aos utilizadores não só ver vídeo mas também de os realizar e produzir. Não esquecer que, de forma muito limitada é certo, mas a Google recentemente passou a disponibilizar a possibilidade de directamente no Youtube os utilizadores editarem os seus próprios vídeos.

O que nos reserva o futuro?

Definitivamente não é de esperar que todas as empresas comecem a trabalhar em conjunto para facilitar a vida a todos. Os interesses económicos acabam por vir ao de cima e a falta de um regulador que imponha regras claras e que vão de encontro ao interesse do consumidor não deve estar próximo. Os passos da Google que podem ser vistos sempre sob o perfil de quererem uma internet aberta a todos esbarra no seu domínio nos motores de busca e nos seus interesses para o seu modelo de negócio. Aliás o modelo de negócio é no final o que influencia as verdadeiras decisões.

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