“A net aqui é fraca”. Uma expressão do nosso tempo que normalmente denota que a conexão WiFi não é a melhor, em algumas partes da casa. Sem dúvida um problema do primeiro mundo, mas um que é cada vez mais chato e inconveniente para os estilos de vida super conectados de hoje em dia, e com tendência a agravar-se, com o advento da “Internet of Things”
Até há pouco tempo a solução para este problemas passava apenas pela instalação de access points tradicionais extra e repetidores de sinal.
A imagem acima representa o arranjo típico de alguns destes dispositivos. Temos um repetidor de sinal, um access point ligado via powerline, um segundo router ligado por cabo reaproveitado como ponto de acesso e três APs WiFi ligados aos routers. Esta é uma rede do tipo estrela, com um ponto central a distribuir a ligação pelos restantes em ligações ponto a ponto. Quando alguns dos equipamentos secundários abre novos ramos temos uma rede em árvore, também exemplificada.
Este tipo de arranjos é efectivo a melhorar a cobertura WiFi de habitações e outros espaços mais alargados, mas tem algumas desvantagens:
– cada dispositivo necessita de ser individualmente configurado.
– a configuração nem sempre é fácil.
– mesmo quando partilham o SSID e palavra-passe, as redes são separadas.
– em caso de falha de um nó, todos os dispositivos a jusante ficam privados de ligação.
– a sobrecarga de uma só ligação afecta negativamente a performance de todos os dispositivos no ramo, mesmo quando sobra capacidade no router central.
– a transição de dispositivos móveis entre as redes WiFi dos diversos pontos de acesso nem sempre é instantânea e transparente, podendo afectar a performance da ligação e a agradabilidade de utilização.
Ao longo do ultimo ano começou a ser introduzido no mercado, tanto por startups com soluções próprias e inovadoras, como pelas marcas mais tradicionais, um novo tipo de produto que pretende dar resposta a estes problemas, os Sistemas de WiFi Mesh.
Estes sistemas fazem uso de um conjunto de nós interligados.
Nesta topologia, os nós de rede interligam-se entre si da maneira mais eficiente de forma automática, providenciado sempre a ligação mais rápida possível, ao mesmo tempo que asseguram algum nível de redundância na rede.
As grandes vantagens destes sistemas são:
– configuração simplificada: basta espalhar os nós pela casa que a rede configura-se de forma automática. Ao utilizador cabe apenas escolher um nome para a rede e as opções de segurança, o que pode ser feito via APPs de smartphone.
– gestão automática: o sistema ajusta em tempo real o caminho das comunicações pelos vários nós, providenciando sempre a melhor performance possível. Além disso, é capaz de compensar automaticamente a falha de algum nó ou ligação, reencaminhado o tráfego por caminhos alternativos.
– transição transparente entre nós: todos os nós transmitem e recebem efectivamente a mesma rede wifi, fazendo a gestão do tráfego internamente. Para o utilizador o resultado é uma ligação estável e ininterrupta a uma só rede wifi, sem quebras de performance, falhas de sinal ou soluços motivados por re-conexões.
– facilidade de expansão: basta acrescentar nós.
– uma vantagem mais subjectiva prende-se com a integração estética destas soluções, que são desenhadas mais como “bibelots” do que como peças tecnológicas. Alguns exemplos:
Estes sistemas não são perfeitos, no entanto. O maior entrave é, sem dúvida, o preço, que vai de algumas a várias centenas de euros, dependendo das capacidades de cada sistema e de quantas unidades compõem os kits. Estes valores estão toda uma ordem de magnitude acima de um simples repetidor de sinal.
Outro possível problema está na incompatibilidade destes sistemas entre si. Estes sistemas não se baseiam em nenhum standard, com cada marca a usar os seus próprios protocolos e tecnologias de gestão e comunicação interna. Por um lado isto permite a cada fabricante inovar, elevar o patamar de performance com soluções próprias e oferecer funcionalidades exclusivas, mas pela negativa limita a escolha dos utilizadores na hora de expandir uma rede ou substituir um nó, deixando-os efectivamente presos a uma só marca.
Esta é uma tecnologia com grande potencial e margem de progressão. O custo elevado deverá dificultar a massificação a curto prazo, mas não nos custa imaginar um futuro onde sistemas Mesh de menor custo e baseados em protocolos unificados se tornem o standard das redes sem fios caseiras.
Esforços nesse sentido já se podem ver, por exemplo, com a tecnologia AiMesh da ASUS, que leva a funcionalidade Mesh a alguns dos seus routers tradicionais mais populares via actualização de Firmware, dando uma porta de entrada nesta tecnologia aos seus utilizadores.
Por agora, pesados os prós e os contras, quem estiver interessado em entrar já no mundo Mesh pode encontrar algumas soluções no Comparador Zwame:
Netgear Orbi, considerado um dos melhores sistemas actualmente disponíveis.
Linksys Velop
TP-Link Deco
ASUS Lyra